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Pressão sobre a Grécia
Um ano após receber o maior
pacote de socorro da Europa em
razão da crise de 2008, no valor de €
110 bilhões (R$ 254 bilhões), a
Grécia patina na recessão.
Como pano de fundo da iminente tragédia financeira (um calote),
os gregos voltam às ruas, e aos
choques com a polícia, para protestar contra as medidas austeras.
O governo em Atenas está no
centro de pressões intensas. Não
consegue cumprir as metas acertadas com o Fundo Monetário Internacional e a União Europeia.
Há temor de que um fracasso grego contamine países já socorridos
(Irlanda e Portugal) e economias
fragilizadas, como a da Espanha.
De um lado, o setor financeiro
alerta para o risco de que se precipite o calote da dívida pública grega, que caminha para ultrapassar
estratosféricos 160% do PIB (o teto
para a zona do euro é 60%). A intenção dos bancos seria apressar a
aprovação de uma nova remessa
de ajuda europeia a Atenas.
Do outro lado, a Alemanha,
principal financiadora dos resgates, começa a falar em "reestruturação voluntária" da dívida grega
-ou seja, adiamento negociado
dos prazos de pagamento e, possivelmente, do valor. O Banco Central Europeu (BCE), por sua vez,
oficialmente se opõe a esse curso.
Como há divergências na UE sobre tal solução, o objetivo alemão
seria pressionar a Grécia a intensificar as reformas acertadas em
2010. Isso inclui um plano de privatização de € 50 bilhões (R$ 115
bilhões), que está atrasado.
O desacordo prenuncia um impasse. Primeiro, a agência de classificação Standard & Poor's reduziu a nota de risco grega, chamando a "reestruturação voluntária"
de "calote seletivo". Em seguida,
houve rumores de que FMI e UE teriam acertado mais € 60 bilhões
(R$ 139 bilhões) para o país.
Com isso, Atenas conseguiu
emitir títulos da dívida pagando
juros semelhantes aos de abril.
Mas a premiê alemã, Angela Merkel, excluiu qualquer ajuda rápida. Se sair, o novo pacote virá em
junho, após missão de avaliação
de FMI, BCE e Comissão Europeia.
Sabe-se que a Grécia, com queda do PIB estimada em 3% neste
ano, não terá como reduzir seu deficit público a 3% em 2012, como
prometido. Não conseguirá, portanto, recuperar credibilidade para buscar financiamento no mercado sem apoio externo.
O caso grego é extremo e ameaça derrubar o edifício criado pela
UE para tentar sair da crise, baseado em planos de austeridade.
Tudo indica que a opção agora é
entre uma sucessão de resgates bilionários, cenário indigesto para o
eleitorado dos países mais ricos
do bloco, e um calote negociado.
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