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A armadilha
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Quanto mais Mário Covas
dizia que não seria candidato, mais
candidato ele era. Quanto mais Marcello Alencar dizia que seria candidato, menos candidato ele era.
Se não concorresse, Covas estaria reconhecendo antecipadamente a derrota para Paulo Maluf. Não concorrendo, Alencar está não só admitindo a
derrota para César Maia ou Anthony
Garotinho como praticamente enterrando sua carreira política.
São dois bons exemplos de como a
reeleição tornou-se uma obrigação,
um tudo ou nada: ou o cara concorre
ou fica com a fama de quem fugiu da
raia e está liquidado.
No Ceará, a reeleição se transformou
num fardo para Tasso Jereissati. Governador pela segunda vez, acha que
não haverá nada a inovar numa terceira. Sonha voltar à política nacional, com gabinete em Brasília.
A reeleição não deixa. Todas as pesquisas mostram que ele é o único candidato do PSDB considerado imbatível. Se for outro, pode estar em risco
todo um projeto de poder.
Além disso, a reeleição para os governos estaduais precipitou perigosamente as campanhas nos Estados e desarticulou alianças que pareciam sólidas e duráveis.
Na Paraíba, o senador Ronaldo Cunha Lima não larga o comando do Estado por nada. Mas o governador José
Maranhão, que assumiu com a morte
do titular Antônio Mariz, pegou o gosto. Está instalada a guerra.
Na Bahia, o ex-governador Paulo
Souto conquistou a bancada estadual,
consolidou-se nas pesquisas e arvorou-se assim candidato a líder do espólio carlista que seria de Luís Eduardo Magalhães.
Entretanto a possibilidade de reeleição (ou seja, de um vôo de oito anos
no poder) deixou-o na alça de mira de
quem tem as armas. ACM cortou-lhe
as asinhas, e ele disputa o Senado.
Se já é assim com os governadores, a
reeleição dos prefeitos vai ser pior,
eternizando os monopólios políticos
locais. Preparem-se para o ano 2000.
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