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VALDO CRUZ
Em nome de quem?
BRASÍLIA - O direito ao protesto é livre no país. Portanto os servidores
públicos apenas fizeram uso dessa
prerrogativa ao promover ato contra
a reforma da Previdência de Lula.
Os deputados petistas também têm
toda a liberdade de manifestar apoio
a quem quer que seja. Um direito legítimo, que a cúpula do governo tentou mais uma vez cercear.
Dito isso, seguem alguns dados para a reflexão daqueles deputados e
senadores que estavam apoiando a
manifestação de ontem.
O grosso dos manifestantes estava
protestando em nome de 3,7 milhões
de servidores federais e estaduais da
ativa, ou seja, todos empregados.
Enquanto isso, existem 2,5 milhões
de desempregados apenas nas seis
maiores regiões metropolitanas do
país. E o desemprego só cresce.
A remuneração média do setor público é superior à do privado. No governo federal, o salário médio dos
servidores ativos e inativos é de R$
2.100. No Legislativo, de R$ 6.900. No
Judiciário, de R$ 7.300.
Enquanto isso, existem no país 9,3
milhões de famílias que vivem com
meio salário mínimo por mês. Entre
elas, 30 milhões de pessoas vivendo
abaixo da linha de pobreza.
Para bancar, no ano passado, 3,2
milhões de aposentadorias e pensões
dos servidores públicos, que estavam
representados no protesto de ontem,
o setor público teve um rombo de R$
39 bilhões em suas contas.
Enquanto isso, o pagamento de 19
milhões de aposentadorias e pensões
de trabalhadores do setor privado em
2002 gerou um déficit bem menor,
equivalente a R$ 17 bilhões.
Tudo bem que os deputados
apóiem os servidores contra a reforma previdenciária. Direito deles.
Ajudam a manter uns privilegiados.
Mas por que não demonstram tanta paixão na luta em favor dos desempregados, das famílias abaixo da
linha da pobreza, das aposentadorias
miseráveis do setor privado?
Bem, os sindicatos dos servidores
têm dinheiro, estrutura, poder de
pressão. É o tal do corporativismo.
Rende mais votos nas eleições.
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