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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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VALDO CRUZ

Em nome de quem?

BRASÍLIA - O direito ao protesto é livre no país. Portanto os servidores públicos apenas fizeram uso dessa prerrogativa ao promover ato contra a reforma da Previdência de Lula.
Os deputados petistas também têm toda a liberdade de manifestar apoio a quem quer que seja. Um direito legítimo, que a cúpula do governo tentou mais uma vez cercear.
Dito isso, seguem alguns dados para a reflexão daqueles deputados e senadores que estavam apoiando a manifestação de ontem.
O grosso dos manifestantes estava protestando em nome de 3,7 milhões de servidores federais e estaduais da ativa, ou seja, todos empregados.
Enquanto isso, existem 2,5 milhões de desempregados apenas nas seis maiores regiões metropolitanas do país. E o desemprego só cresce.
A remuneração média do setor público é superior à do privado. No governo federal, o salário médio dos servidores ativos e inativos é de R$ 2.100. No Legislativo, de R$ 6.900. No Judiciário, de R$ 7.300.
Enquanto isso, existem no país 9,3 milhões de famílias que vivem com meio salário mínimo por mês. Entre elas, 30 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza.
Para bancar, no ano passado, 3,2 milhões de aposentadorias e pensões dos servidores públicos, que estavam representados no protesto de ontem, o setor público teve um rombo de R$ 39 bilhões em suas contas.
Enquanto isso, o pagamento de 19 milhões de aposentadorias e pensões de trabalhadores do setor privado em 2002 gerou um déficit bem menor, equivalente a R$ 17 bilhões.
Tudo bem que os deputados apóiem os servidores contra a reforma previdenciária. Direito deles. Ajudam a manter uns privilegiados.
Mas por que não demonstram tanta paixão na luta em favor dos desempregados, das famílias abaixo da linha da pobreza, das aposentadorias miseráveis do setor privado?
Bem, os sindicatos dos servidores têm dinheiro, estrutura, poder de pressão. É o tal do corporativismo. Rende mais votos nas eleições.


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