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Alerta na conta externa
AMPLIAM-SE as evidências
dos efeitos adversos da
apreciação do câmbio sobre o setor produtivo. Os dados
relativos ao desempenho do PIB
nos primeiros três meses do ano
já haviam mostrado que, pela
primeira vez em anos, o setor externo teve contribuição negativa
para o crescimento da economia.
Não se pode atribuir o fenômeno, em medida relevante, ao fato
de que a velocidade de expansão
do comércio mundial diminuiu
no período, pois os dados do PIB
apuraram uma aceleração do volume de exportações, comparativamente ao quarto trimestre do
ano passado. Essa constatação
ressalta o papel central da apreciação cambial no fenômeno, em
particular por ter estimulado
uma grande aceleração do volume de importações.
A alta rápida das importações e
a perda de competitividade da
produção nacional no mercado
internacional têm prejudicado
sobretudo os produtores de bens
intermediários. A Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, cujos
resultados de abril foram divulgados na semana passada, retratam com clareza esse aspecto.
Nos 12 meses findos em abril,
em comparação com o período
anterior, a expansão da produção física de bens de consumo semi e não duráveis, de bens duráveis e de bens de capital chegou
a, respectivamente, 3,4%, 10,9%
e 4,9%. Já a produção de bens intermediários ficou praticamente
estagnada: aumentou 0,8%.
Nas exportações, os números
agregados ainda parecem favoráveis, mas ocultam processos
preocupantes. Cada vez mais a
expansão das vendas externas se
concentra num número menor
de grandes empresas e produtos.
O câmbio está fora do lugar
-basicamente porque os juros
básicos estão fora de lugar.
Quanto antes surgir a sinalização
de que esta situação é transitória, melhor para o crescimento.
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