São Paulo, quinta-feira, 12 de julho de 2007

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ELIANE CANTANHÊDE

Florais de Bach

BRASÍLIA - Em conversa informal, ontem, no Itamaraty, Renan Calheiros contou que está tomando Florais de Bach, um calmante natural, para agüentar o tranco pessoal e político. Ele estava com sua mulher, Verônica, que depois do almoço comentou: "Nós estamos bem. Somos fortes. A vida continua". Apesar disso, calmantezinhos parecem pouco, muito pouco, para manter Renan tranqüilo e na cadeira de presidente do Senado, até na de senador.
Ontem mesmo, ele já não teve condições políticas de presidir a sessão de votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, fundamental para que o Congresso enfim comece o recesso de julho, porque os deputados ameaçavam lhe virar as costas. Sua alternativa era passar pelo constrangimento de ser rejeitado pelos próprios pares, ou passar pelo constrangimento de sair pela porta dos fundos antes da sessão. Saiu pelos fundos.
Segundo o senador Romeu Tuma, há uma dúvida crucial: se o processo contra Renan já começou realmente ou não. Em caso afirmativo, ele não pode renunciar mais, vai ter de agüentar o processo no exercício do mandato e ficar sujeito a perda de direitos políticos. Em caso negativo, ainda pode renunciar para voltar nas eleições seguintes. Essa hipótese é remota, como insistem Renan e seus assessores, que contam com a paz no recesso. Mas não pode ser descartada. ACM, Jader Barbalho, José Roberto Arruda e parte dos "mensaleiros" também juravam que não renunciariam -até a hora de renunciar.
A situação de Renan está difícil, insustentável, e extrapolou os limites de suas fazendas e de seus bois para os de sua família. Um irmão já começa a ser investigado. A história recente mostra que, quando o tsunami vem, não pára, e só a renúncia é tiro-e-queda: em uma semana, o sujeito sai das manchetes dos jornais. E, saindo, já pode preparar a volta sossegado.

elianec@uol.com.br


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