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ELIANE CANTANHÊDE
Florais de Bach
BRASÍLIA - Em conversa informal, ontem, no Itamaraty, Renan
Calheiros contou que está tomando
Florais de Bach, um calmante natural, para agüentar o tranco pessoal e
político. Ele estava com sua mulher,
Verônica, que depois do almoço comentou: "Nós estamos bem. Somos
fortes. A vida continua". Apesar disso, calmantezinhos parecem pouco,
muito pouco, para manter Renan
tranqüilo e na cadeira de presidente
do Senado, até na de senador.
Ontem mesmo, ele já não teve
condições políticas de presidir a
sessão de votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, fundamental
para que o Congresso enfim comece o recesso de julho, porque os deputados ameaçavam lhe virar as
costas. Sua alternativa era passar
pelo constrangimento de ser rejeitado pelos próprios pares, ou passar
pelo constrangimento de sair pela
porta dos fundos antes da sessão.
Saiu pelos fundos.
Segundo o senador Romeu Tuma, há uma dúvida crucial: se o processo contra Renan já começou
realmente ou não. Em caso afirmativo, ele não pode renunciar mais,
vai ter de agüentar o processo no
exercício do mandato e ficar sujeito
a perda de direitos políticos. Em caso negativo, ainda pode renunciar
para voltar nas eleições seguintes.
Essa hipótese é remota, como insistem Renan e seus assessores, que
contam com a paz no recesso. Mas
não pode ser descartada. ACM, Jader Barbalho, José Roberto Arruda
e parte dos "mensaleiros" também
juravam que não renunciariam
-até a hora de renunciar.
A situação de Renan está difícil,
insustentável, e extrapolou os limites de suas fazendas e de seus bois
para os de sua família. Um irmão já
começa a ser investigado. A história
recente mostra que, quando o tsunami vem, não pára, e só a renúncia
é tiro-e-queda: em uma semana, o
sujeito sai das manchetes dos jornais. E, saindo, já pode preparar a
volta sossegado.
elianec@uol.com.br
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