São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2004

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O RISCO PETRÓLEO

A cotação internacional do petróleo vem se mantendo, ao longo dos últimos dias, perto de níveis recordes nos mercado futuros. A pressão sobre os preços do produto persiste há semanas. Dentre os vários fatores que têm sido apontados como responsáveis pela alta da cotação, destacam-se a forte expansão da demanda e os temores de que a oferta do produto venha a ser prejudicada por fatores geopolíticos, em particular por atentados terroristas.
Em relação à demanda, os indícios são de que seu crescimento -puxado pelos EUA e pela China- vinha sendo subestimado. A Agência Internacional de Energia, da OCDE (organização de cooperação econômica integrada pelos países mais ricos), divulgou ontem que reviu para cima sua estimativa para o consumo de petróleo em 2004, que deverá ser o mais alto em 28 anos.
Pelo lado da oferta, o volume de petróleo que tem sido efetivamente colocado no mercado tem crescido continuamente. Assim, o problema reside não na disponibilidade imediata do produto, mas na incerteza, gerada pelos fatores já mencionados quanto à continuidade da oferta no futuro próximo.
É essa incerteza que parece justificar o fato, bastante atípico, de que o aumento dos estoques nos EUA, ao longo dos últimos meses, venha sendo acompanhado por uma elevação marcante do preço do produto. A última ocasião em que se constatou essa combinação de movimentos foi às vésperas da Guerra do Golfo, em 1990. Naquele momento, após a eliminação do risco de restrição expressiva e duradoura da oferta, houve rápida descompressão da cotação.
O risco presente é que as cotações se estabilizem num patamar alto durante um período mais longo de tempo. Nessa hipótese, pode-se prever uma redução do raio de manobra das autoridades responsáveis pelo controle da inflação tanto no Brasil como no exterior, o que teria, lamentavelmente, impacto negativo sobre o crescimento da economia.


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