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O RISCO PETRÓLEO
A cotação internacional do petróleo vem se mantendo, ao
longo dos últimos dias, perto de níveis recordes nos mercado futuros. A
pressão sobre os preços do produto
persiste há semanas. Dentre os vários fatores que têm sido apontados
como responsáveis pela alta da cotação, destacam-se a forte expansão da
demanda e os temores de que a oferta do produto venha a ser prejudicada por fatores geopolíticos, em particular por atentados terroristas.
Em relação à demanda, os indícios
são de que seu crescimento -puxado pelos EUA e pela China- vinha
sendo subestimado. A Agência Internacional de Energia, da OCDE (organização de cooperação econômica
integrada pelos países mais ricos),
divulgou ontem que reviu para cima
sua estimativa para o consumo de
petróleo em 2004, que deverá ser o
mais alto em 28 anos.
Pelo lado da oferta, o volume de petróleo que tem sido efetivamente colocado no mercado tem crescido
continuamente. Assim, o problema
reside não na disponibilidade imediata do produto, mas na incerteza,
gerada pelos fatores já mencionados
quanto à continuidade da oferta no
futuro próximo.
É essa incerteza que parece justificar o fato, bastante atípico, de que o
aumento dos estoques nos EUA, ao
longo dos últimos meses, venha sendo acompanhado por uma elevação
marcante do preço do produto. A última ocasião em que se constatou essa combinação de movimentos foi às
vésperas da Guerra do Golfo, em
1990. Naquele momento, após a eliminação do risco de restrição expressiva e duradoura da oferta, houve rápida descompressão da cotação.
O risco presente é que as cotações
se estabilizem num patamar alto durante um período mais longo de
tempo. Nessa hipótese, pode-se prever uma redução do raio de manobra
das autoridades responsáveis pelo
controle da inflação tanto no Brasil
como no exterior, o que teria, lamentavelmente, impacto negativo sobre
o crescimento da economia.
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