São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2004 |
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ELIANE CANTANHÊDE Collor festeja
BRASÍLIA - O ex-presidente Fernando Collor comemora hoje 55 anos e,
de quebra, a existência de Delúbio
Soares no governo Lula. Lembremos:
Collor ganhou de Lula em 1989, na
primeira eleição direta em décadas. E
saiu pela porta dos fundos.
Em conversa com Fernando Rodrigues, Kennedy Alencar e eu, ontem,
em Brasília, Collor comparou Delúbio, o tesoureiro do PT e da campanha de Lula, com PC Farias, o seu
próprio tesoureiro na campanha de
89 e depois pivô de sua queda.
"No mínimo, são situações muito
parecidas", começou. "Com uma diferença: o Paulo César [PC] não fazia
parte do organograma do poder, e o
Delúbio faz". Referia-se à condição
de Delúbio de dirigente nacional do
PT, tesoureiro do partido e da campanha de Lula, com facilidade para
fazer indicações de amigos e de integrar as comitivas internacionais do
presidente. Enfim, "à absoluta desenvoltura" de Delúbio no governo.
Collor tentou dar uma no prego e
outra na ferradura, mas massacrou
bem mais a ferradura. Disse que gostava de Lula, mas criticou seu "despreparo". Elogiou Dirceu e Palocci,
mas acabou com o resto da turma de
Lula. Falou que a economia vai bem,
mas essas coisas de Delúbio podem
pôr tudo a perder.
E, evidentemente, não se poupou de
uma comparação incômoda para o
PT. Sem citar a invasão desta Folha a
pretextos vis durante o seu governo,
vangloriou-se de, "apesar de tudo",
ter sido democrático nas relações
com o Ministério Público, o meio artístico e a mídia. Já o governo Lula...
tenta impor limites a todos eles.
Collor pareceu bem, forte e saudável -além de mordaz. Passou duas
sensações em relação ao PT: "Quem
te viu, quem te vê" e "nada como um
dia após o outro". Digamos que não
seja a melhor pessoa para isso, mas
também não é o único.
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