São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

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Desconfiança no metrô

A OBRA DA linha 4 do metrô de São Paulo volta a causar apreensão nos que moram ou circulam pela zona oeste da capital. Quase oito meses, completados hoje, após o desastre que abriu uma cratera em Pinheiros e matou oito pessoas, um novo buraco surgiu em rua movimentada do bairro. Desta vez não houve vítimas, mas os cidadãos prosseguem desorientados diante da ausência de informações tempestivas e confiáveis sobre riscos reais de o chão desaparecer sob seus pés.
São 12,8 km de túneis em construção, boa parte em terreno notoriamente instável, a ponto de engenheiros qualificarem-no como "podre". Dez acidentes já se verificaram. Sob tais condições, compreende-se a dificuldade de predizer local e momento exato de desabamentos, mas não o despreparo reiterado do poder público para fazer frente a eventuais emergências.
O novo buraco abriu-se menos de duas horas depois de liberado o tráfego na rua dos Pinheiros. Houve interdição imediata, de início prevista para dois dias. A estimativa subiu então para dez dias, apenas para contrair-se a cinco. Trata-se de um vaivém por demais inquietante.
Nada a estranhar, lamentavelmente, em se tratando de organizações submetidas a um governo estadual que nem sequer se mostrou capaz de esclarecer o ocorrido na tragédia de oito meses atrás. O laudo que deveria sair em poucos meses ficou para este agosto, mas a Secretaria da Segurança já fala em dezembro -só agora peritos do Instituto de Criminalística conseguiram chegar ao ponto crítico que teria dado origem à cratera de janeiro.
É lentidão em demasia. A falta de uma intervenção decidida do governador José Serra para assegurar que explicações não fiquem para as calendas só aumenta a desconfiança de que a obra de R$ 2,1 bilhões é mais problemática do que seria aceitável.


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