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Desconfiança no metrô
A OBRA DA linha 4 do metrô
de São Paulo volta a causar apreensão nos que
moram ou circulam pela zona
oeste da capital. Quase oito meses, completados hoje, após o desastre que abriu uma cratera em
Pinheiros e matou oito pessoas,
um novo buraco surgiu em rua
movimentada do bairro. Desta
vez não houve vítimas, mas os cidadãos prosseguem desorientados diante da ausência de informações tempestivas e confiáveis
sobre riscos reais de o chão desaparecer sob seus pés.
São 12,8 km de túneis em construção, boa parte em terreno notoriamente instável, a ponto de
engenheiros qualificarem-no como "podre". Dez acidentes já se
verificaram. Sob tais condições,
compreende-se a dificuldade de
predizer local e momento exato
de desabamentos, mas não o despreparo reiterado do poder público para fazer frente a eventuais emergências.
O novo buraco abriu-se menos
de duas horas depois de liberado
o tráfego na rua dos Pinheiros.
Houve interdição imediata, de
início prevista para dois dias. A
estimativa subiu então para dez
dias, apenas para contrair-se a
cinco. Trata-se de um vaivém por
demais inquietante.
Nada a estranhar, lamentavelmente, em se tratando de organizações submetidas a um governo
estadual que nem sequer se mostrou capaz de esclarecer o ocorrido na tragédia de oito meses
atrás. O laudo que deveria sair
em poucos meses ficou para este
agosto, mas a Secretaria da Segurança já fala em dezembro -só
agora peritos do Instituto de Criminalística conseguiram chegar
ao ponto crítico que teria dado
origem à cratera de janeiro.
É lentidão em demasia. A falta
de uma intervenção decidida do
governador José Serra para assegurar que explicações não fiquem para as calendas só aumenta a desconfiança de que a
obra de R$ 2,1 bilhões é mais problemática do que seria aceitável.
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