São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELIANE CANTANHÊDE

Acertos de um, erros de outro

BRASÍLIA - O Datafolha de ontem desmonta a versão (ou torcida) tucana de que bastaria Alckmin ir para o segundo turno, ser o "grande fato novo" e virar "uma onda". Pronto. Fácil. Tudo resolvido.
Como nem a vida nem as eleições são tão simples assim, o que se vê é que Lula levou um susto e saiu da arrogância para o ringue, enquanto Alckmin inebriou-se cedo demais.
Um tirou o salto alto, o outro calçou-o -e muito antes da hora. A pesquisa, que aumenta o favoritismo de Lula de 8 para 12 pontos nos votos válidos, aparentemente reflete muito mais a largada política do segundo turno do que o próprio debate na TV Bandeirantes. Até porque, apesar de Lula ter 51%, deu empate na avaliação do confronto, aliás com dois pontos a mais para Alckmin: 43% a 41%.
Na primeira semana depois de confirmado o segundo turno nas urnas, Lula criou uma agenda positiva, e Alckmin, uma negativa. Lula reuniu governadores, ministros, acirrou os ânimos e adotou o discurso do medo. Alckmin patinou com o apoio dos Garotinho à revelia dos aliados originais no Rio e com a conseqüente enxurrada de críticas que ocuparam todo o noticiário de sua campanha.
Denise Frossard, que rompeu com Alckmin e depois recuou, não estava de todo errada: o abraço com os Garotinho pode ter arranhado o discurso (ou a pretendida aura) da ética. Tanto que o maior baque nos índices do tucano foi no Sul, nos eleitores de Heloísa Helena e nas faixas de maior escolaridade e de renda -ou seja, justamente onde tinha começado a virar "onda".
Lula entrou mais forte na eleição, chegou na dianteira ao segundo turno e neutralizou o impacto de não ter vencido já em primeiro de outubro. Enfim, tem efetivamente mais chances de vencer. Especialmente se Alckmin, os tucanos e os pefelistas errarem. E, sempre que se precipitam, a possibilidade de erro fica bem maior.


elianec@uol.com.br

Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O dinheiro que anda
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Razão & emoção
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.