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CARLOS HEITOR CONY
Razão & emoção
RIO DE JANEIRO - Foi generalizada a impressão de que Alckmin se
saiu melhor no primeiro debate
com Lula, na Bandeirantes. Nem
por isso aumentou sua aceitação no
eleitorado, pelo contrário, perdeu
três pontos, com Lula abrindo uma
diferença de 11 pontos.
Duas considerações sobre esse
fato. Primeira: num debate, o que
vale não é o apelo à razão, mas o
tom de indignação com que se ataca
ou se defende. Alckmin mostrou-se
indignado, acuando Lula diversas
vezes. E isso contou pontos para a
sua performance no debate.
Segunda: por maior que seja a audiência dos debates na TV, o grosso
do eleitorado não toma conhecimento deles. Mais da metade da população não lê jornais e revistas, votando por empatia pessoal com os
candidatos.
Isso explica desde o meio milhão
de votos que o estilista Clodovil
conquistou em São Paulo até a liderança de Lula nas pesquisas, sempre em primeiro lugar, apesar de todos os escândalos que marcaram os
últimos meses de seu governo. O
eleitor médio vota em Lula porque
ele é pobre, faz o gênero gente como
a gente. Depois de anos em que os
dirigentes do país foram da classe
rica e instruída, a opção preferencial é por um pobre que se orgulha
de ter a mãe analfabeta.
A menos que ocorra um fato realmente novo, apesar dos debates que
ainda virão, o eleitorado poderá
mudar de opinião sobre Lula, mas
não de dar seu voto àquele que o representa política e socialmente.
Fernando Gasparian foi uma das
principais referências culturais do
Brasil contemporâneo. Comovente
a sua luta contra o regime militar.
Tenho orgulho de ter sido um de
seus admiradores incondicionais. A
última vez que o vi, era o mesmo
Gasparian dos tempos de luta por
um Brasil mais justo e civilizado.
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