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CLÓVIS ROSSI
Dane-se a reunião
MADRI - Questionado sobre a crise, Luiz Inácio Lula da Silva remete
a seu colega George Walker Bush.
"Pergunte ao Bush, a crise é dele",
diz o brasileiro, com muita razão,
aliás, embora não toda.
Bush desandou a falar sobre a crise, dia sim, outro também. Cada vez
que abre a boca, os mercados derretem um pouco mais. Parece birra.
Aqui na Europa, dá-se o mesmo.
No sábado anterior, reuniram-se
em Paris os governantes dos quatro
países europeus que fazem parte do
G7 (França, Reino Unido, Alemanha e Itália). Na segunda-feira, o
derretimento ganhou velocidade e
intensidade desconhecidas -e assim continuou a semana toda.
Na sexta-feira, foi a vez da reunião dos ministros de Economia do
G7. Cansei de ler afirmações, em especial de agentes de mercado, no
sentido de que seria a reunião de
maior importância nos 33 anos de
história do clubão. Aliás, não é nenhuma vantagem, posto que raras
foram as decisões realmente transcendentais tomadas pelo G7 ou pelo G8 em que se transformou, a partir de 1994, com a entrada (parcial)
da Rússia, depois que ela se rendeu
ao capitalismo.
Tampouco decidiu nada que já
não estivesse decidido ou anunciado. Ao contrário da expectativa e de
uma demanda ampla por ações
coordenadas, o secretário norte-americano do Tesouro, Hank Paulson, deixou claro que "cada país
adotará as medidas como considerar mais adequado para as suas próprias circunstâncias".
Hoje, em Paris, os europeus fazem nova cúpula, agora ampliada
para os 15 países que adotam o euro.
Se, como tudo indica, decidirem entrar com dinheiro para capitalizar
os bancos, será a última oportunidade para derrubar expressão que
foi popular em São Paulo tempos
atrás (ainda é?), a que diz "dane-se a
reunião". Dane-se não é bem o verbo usado. Acho o original mais adequado.
Os mercados também.
crossi@uol.com.br
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