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ELIANE CANTANHÊDE
"Circuit breaker" planetário
BRASÍLIA - O mundo está em pânico e sem saber o que fazer. Cada
um fala uma coisa, e a idéia que parece mais sensata partiu justamente do mais insensato número 2 (só
perde para Bush): o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi,
sugeriu que as Bolsas de todo o
mundo fechem não necessariamente para balanço, mas até que
surja uma proposta consistente para enfrentar a maior crise mundial
desde o "crash" de 1929.
Um "circuit breaker" planetário,
estendendo para todas as Bolsas, simultaneamente, o instrumento
acionado para interromper os pregões sempre que as quedas atingem
um ponto insuportável. A crise está
exatamente assim: insuportável.
Não é preciso ser um gênio da
economia, nem de coisa nenhuma,
para saber a esta altura que a crise
não é apenas gravíssima, como imprevisível, fora de controle. Nem
para saber que a pior reação é tentar minimizar as suas dimensões.
No Brasil, o tom dos analistas
ainda é de otimismo, inclusive o do
economista Gustavo Franco, presidente do BC no primeiro mandato
de FHC. Mas, num canto da página,
eles dizem que a crise é financeira e
das grandes potências, não chegará
ao mundo real e aos emergentes.
No outro canto, vêm as notícias sobre sólidas companhias como a Votorantim, a Sadia e a Aracruz, que
tiveram perdas bilionárias provenientes de operações com câmbio.
Se isso não chega ao mundo real, o
que pode chegar?
Um segundo contraste: nos EUA,
Bush e os demais líderes descabelavam-se com a crise financeira; no
Brasil, Lula caprichava no penteado
para tirar fotos com aliados -ou
"neo-aliados", como Eduardo Paes,
no Rio-, enquanto se preparava
para sumir no mundo.
Lula bateu em 80% de popularidade surfando nos cinco anos mais
ensolarados e de maior crescimento do mundo, mas pega em dose
única toda a intensidade das cinco
crises internacionais da era FHC.
FHC não fez o sucessor. Ele fará?
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