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CARLOS HEITOR CONY
A cara da América
RIO DE JANEIRO - Resisti até
agora a cometer qualquer tipo de
comentário a propósito das próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos. E, se agora o faço, é de
forma oblíqua, marginal, pior do
que superficial. Desde que uma certa senhora foi indicada para vice-presidente na chapa dos republicanos, a mídia internacional, em peso,
caiu em cima dela, satanizando-a,
promovendo a até então desconhecida governadora do Alasca ao papel de besta negra da vez.
Não vou defendê-la, não tenho
vontade nem informações detalhadas para isso. Admito que ela tem
dito e feito muita besteira, é republicana radical. Parece que Bush,
perto dela, é um modelo ilibado de
democracia liberal.
Mas vamos às caras. Não é nada,
não é nada, a cara é uma certidão,
um atestado de quem somos, pensamos e queremos. Coloquemos lado a lado a cara de Obama e a de Sarah Palin. Não estão concorrendo
na mesma faixa. O primeiro é candidato a presidente pelo Partido
Democrata, a segunda é candidata a
vice pelo partido adversário. As
chances de a madame chegar à Casa
Branca são bastante remotas.
Fiquemos com as caras, somente
as caras. Obama é simpático, dizem
que possui um charme desgraçado
-e as pesquisas o provam. Mas não
tem cara de americano, não pelo fato de ser negro. Louis Armstrong,
Sidney Poitier, Martin Luther King,
Billie Holiday, Lena Horne eram
negros, mas esbanjavam a essência
da alma americana pela cara.
Obama parece um esforçado e
bem-sucedido herói do Terceiro
Mundo. Sarah Palin, mesmo vestida de esquimó ou escafandro, é a cara da América tal como a fizeram os
peregrinos do Mayflower. Não apenas em cara, mas parece que
em idéias.
Podia estrelar um daqueles filmes musicais da Metro dos anos 50.
Além do rosto apropriado, tem
belas pernas.
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