São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 2002

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COMBATE À POBREZA

O relatório do Banco Mundial "Globalização, crescimento e pobreza: construindo uma economia mundial menos excludente" mostrou que alguns países em desenvolvimento tiveram um crescimento de 5% na renda per capita, entre 1980 e 1998. Esses países apresentaram também um aumento na expectativa de vida e na escolaridade de seus habitantes.
Para o Bird, a melhoria dos indicadores sociais ocorreu nos países que mais se integraram à economia mundial. O resultado teria sido uma redução de 200 milhões no montante de pessoas vivendo na pobreza. Esse número indicaria o acerto das políticas de abertura defendidas por instituições multilaterais e países ricos.
Porém a metodologia de cálculo dessas estatísticas foi contestada pelo economista Robert Wade, que atuou no Bird. Segundo Wade, o Banco Mundial construiu uma nova metodologia para o cálculo da pobreza e recomputou o número de pobres com base na nova metodologia apenas para os anos posteriores a 1987. Se essa confusão metodológica for de fato verdadeira, os dados de 1980 e 1998 não seriam diretamente comparáveis.
A controvérsia metodológica deveria ser esclarecida, pois o Bird é um provedor relevante de informações sobre a pobreza mundial.
Além disso, é preciso rediscutir o papel de instituições como o Banco Mundial. Grande parte das populações de África, Ásia e América Latina permanece fora dos benefícios da globalização. A experiência recente parece demonstrar que a superação do subdesenvolvimento requer mais do que as políticas de redução de pobreza defendidas pelo banco. Seria importante um aumento na oferta do crédito multilateral, com taxas de juros compatíveis, para investimentos em infra-estrutura econômica e social, sobretudo com o crescimento da aversão ao risco dos investidores internacionais privados.


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