|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMBATE À POBREZA
O relatório do Banco Mundial "Globalização, crescimento e pobreza: construindo uma
economia mundial menos excludente" mostrou que alguns países em
desenvolvimento tiveram um crescimento de 5% na renda per capita, entre 1980 e 1998. Esses países apresentaram também um aumento na expectativa de vida e na escolaridade de
seus habitantes.
Para o Bird, a melhoria dos indicadores sociais ocorreu nos países que
mais se integraram à economia
mundial. O resultado teria sido uma
redução de 200 milhões no montante
de pessoas vivendo na pobreza. Esse
número indicaria o acerto das políticas de abertura defendidas por instituições multilaterais e países ricos.
Porém a metodologia de cálculo
dessas estatísticas foi contestada pelo economista Robert Wade, que
atuou no Bird. Segundo Wade, o
Banco Mundial construiu uma nova
metodologia para o cálculo da pobreza e recomputou o número de pobres com base na nova metodologia
apenas para os anos posteriores a
1987. Se essa confusão metodológica
for de fato verdadeira, os dados de
1980 e 1998 não seriam diretamente
comparáveis.
A controvérsia metodológica deveria ser esclarecida, pois o Bird é um
provedor relevante de informações
sobre a pobreza mundial.
Além disso, é preciso rediscutir o
papel de instituições como o Banco
Mundial. Grande parte das populações de África, Ásia e América Latina
permanece fora dos benefícios da
globalização. A experiência recente
parece demonstrar que a superação
do subdesenvolvimento requer mais
do que as políticas de redução de pobreza defendidas pelo banco. Seria
importante um aumento na oferta do
crédito multilateral, com taxas de juros compatíveis, para investimentos
em infra-estrutura econômica e social, sobretudo com o crescimento
da aversão ao risco dos investidores
internacionais privados.
Texto Anterior: Editoriais: PRESSÃO DA ONU Próximo Texto: Sintra (Portugal) - Clóvis Rossi: O embaixador FHC Índice
|