São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 2002

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CLÓVIS ROSSI

O embaixador FHC

SINTRA (Portugal) - Fernando Henrique Cardoso começou ontem a desempenhar um papel que lhe cabe como uma luva: o de embaixador do Brasil junto ao mundo (para fazer uma descrição tão modesta como ele próprio).
Ou, na definição de Fernando Henrique: "Não terei mais funções político-partidárias. Não está mais no meu horizonte, depois de ter trabalhado tantos anos com dedicação e com entusiasmo e até com prazer nas funções de presidente da República, voltar às lides eleitorais, mas sim está o meu compromisso, como pessoa, como cidadão, como intelectual, de continuar debatendo os temas nacionais e internacionais".
FHC falou em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro português José Manuel Durão Barroso, em um ambiente de que também gosta muito: o Palácio de Seteais, construído no século 18 em Sintra, patrimônio cultural da humanidade.
Ganhou do governante português elogios rasgados como sempre ocorre quando está no exterior: "Uma das vozes mais respeitadas do mundo, um dos estadistas mais respeitados destes tempos".
Durão Barroso até sugeriu que FHC continuasse a exercer "o magistério da influência".
O presidente brasileiro topou no ato: "Vozes de fora do governo talvez possam ter no futuro uma condição não digo tão importante quanto, mas de importância relativa suficiente para ajudar aqueles que vão estar à frente de seus países".
Goste-se ou não de Fernando Henrique como presidente, é difícil negar que, no cenário internacional, saiu-se com brilho. Tem gosto pelo mundo, coisa rara em um país que ele próprio definiu como "caipira", não depreciativamente, mas por estar voltado para dentro, como todos os países continentais.
Sabe do que está falando, mesmo quando a ação interna não combina com o discurso externo.
Sobre voltar ou não às "lides eleitorais", acredite quem quiser. Como embaixador "ad hoc", seria uma bela contratação.


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