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CLÓVIS ROSSI
O embaixador FHC
SINTRA (Portugal) - Fernando Henrique Cardoso começou ontem a desempenhar um papel que lhe cabe como uma luva: o de embaixador do
Brasil junto ao mundo (para fazer
uma descrição tão modesta como ele
próprio).
Ou, na definição de Fernando Henrique: "Não terei mais funções político-partidárias. Não está mais no meu
horizonte, depois de ter trabalhado
tantos anos com dedicação e com entusiasmo e até com prazer nas funções de presidente da República, voltar às lides eleitorais, mas sim está o
meu compromisso, como pessoa, como cidadão, como intelectual, de
continuar debatendo os temas nacionais e internacionais".
FHC falou em entrevista coletiva ao
lado do primeiro-ministro português
José Manuel Durão Barroso, em um
ambiente de que também gosta muito: o Palácio de Seteais, construído no
século 18 em Sintra, patrimônio cultural da humanidade.
Ganhou do governante português
elogios rasgados como sempre ocorre
quando está no exterior: "Uma das
vozes mais respeitadas do mundo,
um dos estadistas mais respeitados
destes tempos".
Durão Barroso até sugeriu que
FHC continuasse a exercer "o magistério da influência".
O presidente brasileiro topou no
ato: "Vozes de fora do governo talvez
possam ter no futuro uma condição
não digo tão importante quanto, mas
de importância relativa suficiente
para ajudar aqueles que vão estar à
frente de seus países".
Goste-se ou não de Fernando Henrique como presidente, é difícil negar
que, no cenário internacional, saiu-se com brilho. Tem gosto pelo mundo,
coisa rara em um país que ele próprio
definiu como "caipira", não depreciativamente, mas por estar voltado
para dentro, como todos os países
continentais.
Sabe do que está falando, mesmo
quando a ação interna não combina
com o discurso externo.
Sobre voltar ou não às "lides eleitorais", acredite quem quiser. Como
embaixador "ad hoc", seria uma bela
contratação.
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