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ELIANE CANTANHÊDE
Lulices
BRASÍLIA - Duas "surpresas" estão sendo preparadas com gosto e em detalhes pelo presidente eleito, Luiz
Inácio Lula da Silva.
Uma delas é para um dos deputados mais experientes do PT, José Genoino, que se lançou ao governo de
São Paulo, chegou ao segundo turno,
mas perdeu e vai ficar sem mandato.
Líderes petistas confidenciam que
Lula quer prestigiá-lo, anunciando
sua vaga antes de todas as demais.
Uma vaga especial. O Ministério da
Justiça, por exemplo, porque une as
duas áreas de que Genoino mais gosta: política e segurança pública (se
não virar secretaria da Presidência).
Além de ter abdicado de uma reeleição certa a fim de puxar votos para
o PT e garantir um palanque forte
para Lula em São Paulo, Genoino é
da tendência "Articulação" e durante anos articulou, com José Dirceu, a
postura pragmática e vitoriosa do
"paz e amor" e das amplas alianças.
A segunda surpresa pode ser a escolha do ministro da Saúde: um grande
nome da área, mas fora do PT, partido que é especialmente forte entre
médicos e professores. Logo tem nomes às pencas para Saúde e Educação. E é aí que mora o perigo.
Falta de nomes é um problema,
mas excesso é um problemão. Principalmente porque essas duas áreas
são muito corporativas, mobilizadas,
radicalizadas. Já deram suador em
muito governador e prefeito petista.
Não é, Cristovam Buarque, Luiza
Erundina e Victor Buaiz? E podem
criar caso para o presidente Lula.
Por prudência, é melhor escolher
algum grande nome para a Saúde e
justificar por que não um bom petista: se fosse da "Articulação", por
exemplo, desagradaria, em cadeia, os
candidatos "independentes", da "Democracia Socialista", da "Força Socialista" e por aí afora. Um vespeiro.
Agora, é esperar para ver. Tanto as
surpresas que Lula prepara quanto
as que preparam para ele. Até aqui,
todo mundo só se pergunta quem vai
para a Fazenda e para o Banco Central. Mas sucesso de governo depende
principalmente da economia, não
apenas dela. Pelo menos no início.
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