São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 2002

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ELIANE CANTANHÊDE

Lulices

BRASÍLIA - Duas "surpresas" estão sendo preparadas com gosto e em detalhes pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Uma delas é para um dos deputados mais experientes do PT, José Genoino, que se lançou ao governo de São Paulo, chegou ao segundo turno, mas perdeu e vai ficar sem mandato.
Líderes petistas confidenciam que Lula quer prestigiá-lo, anunciando sua vaga antes de todas as demais. Uma vaga especial. O Ministério da Justiça, por exemplo, porque une as duas áreas de que Genoino mais gosta: política e segurança pública (se não virar secretaria da Presidência).
Além de ter abdicado de uma reeleição certa a fim de puxar votos para o PT e garantir um palanque forte para Lula em São Paulo, Genoino é da tendência "Articulação" e durante anos articulou, com José Dirceu, a postura pragmática e vitoriosa do "paz e amor" e das amplas alianças.
A segunda surpresa pode ser a escolha do ministro da Saúde: um grande nome da área, mas fora do PT, partido que é especialmente forte entre médicos e professores. Logo tem nomes às pencas para Saúde e Educação. E é aí que mora o perigo.
Falta de nomes é um problema, mas excesso é um problemão. Principalmente porque essas duas áreas são muito corporativas, mobilizadas, radicalizadas. Já deram suador em muito governador e prefeito petista. Não é, Cristovam Buarque, Luiza Erundina e Victor Buaiz? E podem criar caso para o presidente Lula.
Por prudência, é melhor escolher algum grande nome para a Saúde e justificar por que não um bom petista: se fosse da "Articulação", por exemplo, desagradaria, em cadeia, os candidatos "independentes", da "Democracia Socialista", da "Força Socialista" e por aí afora. Um vespeiro.
Agora, é esperar para ver. Tanto as surpresas que Lula prepara quanto as que preparam para ele. Até aqui, todo mundo só se pergunta quem vai para a Fazenda e para o Banco Central. Mas sucesso de governo depende principalmente da economia, não apenas dela. Pelo menos no início.


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