São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 2002 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENDÊNCIAS/DEBATES Um pacto pela cidadania ODED GRAJEW
No momento em que o pacto social volta à agenda do país, recordo-me da viagem que organizei para Israel, em 1997, pelo PNBE, Pensamento
Nacional das Bases Empresariais.
Tais pareceres têm um peso político muito grande, pela representatividade dos membros dos conselhos: são lideranças empresariais, dos trabalhadores, dos movimentos e organizações da sociedade e personalidades públicas de notória credibilidade. Os conselhos têm a participação dos membros do governo e do presidente ou primeiro-ministro do país, não substituem o Congresso e outros conselhos existentes, mas contribuem para que os interesses públicos sejam prioritariamente atendidos. A política é a arte de fazer escolhas e elencar prioridades. A primeira negociação deve levar a um pacto que estabeleça os valores que devem balizar as políticas governamentais e o engajamento da sociedade. A partir dessa definição, várias negociações podem ser estabelecidas para se chegar a algumas propostas. Alguns exemplos da agenda: as reformas fiscal e tributária, a reforma da Previdência, as reformas política e agrária e uma nova legislação ambiental. Um pacto social poderia influir na elaboração dos orçamentos públicos. Por exemplo, se a educação for priorizada (e certamente deveria ser), poderemos, como muitos países fizeram, dimensionar os recursos necessários para garantir a todos os brasileiros uma educação de qualidade e pressionar para que esses recursos sejam intocáveis. Outros desdobramentos do pacto social seriam campanhas que engajariam a sociedade em ações coerentes com os grandes objetivos nacionais. Alguns exemplos: o investimento das empresas na juventude, contratando jovens de baixa renda, garantindo-lhes trabalho, salário, profissionalização e educação; uma campanha priorizando o consumo de produtos e serviços elaborados no Brasil. Aqueles que não conhecem em profundidade os processos participativos dos países mais adiantados, ou que ainda não se descontaminaram da herança do regime autoritário, colocam em dúvida a viabilidade do pacto social, confundido-o com um caótico processo assembleísta ou com um mero pedaço de papel recheado de boas intenções. A democracia participativa promoveu em muitos países profundas mudanças, que tiveram um impacto muito positivo. Precisamos elevar nossa auto-estima, perceber que temos uma oportunidade histórica de dar uma guinada no nosso destino e que somos competentes e capazes de integrar o grupo de países campeões do desenvolvimento sustentável e da justiça social. Oded Grajew, 58, é diretor-presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Conselheiro da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente e idealizador do Fórum Social Mundial. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Luiz Carlos Bresser Pereira: Argumentação e debate Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
|