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Média para baixo
NOS ÚLTIMOS seis anos, os
empregos acima de três
salários mínimos (mais
de R$ 1.050) se reduziram em
quase 2 milhões, segundo o Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados do Ministério
do Trabalho. Em contrapartida,
os empregos que pagam entre
um e três mínimos tiveram uma
ampliação de 6 milhões de vagas.
O baixo crescimento econômico (abaixo de 2,5%, em média)
reduz o poder de negociação dos
trabalhadores de renda média e
força as empresas a cortar cargos
intermediários. Entre os mais
pobres, a expansão decorreu, sobretudo, dos aumentos reais no
salário mínimo e do crescimento
da atividade econômica no Norte
e no Nordeste, mais atendidos
pelos programas assistenciais.
A expansão dos empregos e das
rendas mais baixas tem efeitos
contraditórios. De um lado, melhora as condições de vida das
classes mais pobres. De outro,
desestimula a produção de bens
de maior valor agregado e, portanto, uma maior introdução de
progresso técnico.
A demanda por mercadorias
mais nobres passa a ser suprida
pelas importações -inicialmente de peças e componente e depois dos produtos finais. O encolhimento das classes médias, assim, vai minando as cadeias industriais mais sofisticadas, o que
representa mais um obstáculo à
expansão sustentada da atividade econômica e do emprego.
De resto, um país que abdica de
fortalecer a sua classe média
planta a instabilidade social que
vai colher no futuro.
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