São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 2006

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Média para baixo

NOS ÚLTIMOS seis anos, os empregos acima de três salários mínimos (mais de R$ 1.050) se reduziram em quase 2 milhões, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho. Em contrapartida, os empregos que pagam entre um e três mínimos tiveram uma ampliação de 6 milhões de vagas.
O baixo crescimento econômico (abaixo de 2,5%, em média) reduz o poder de negociação dos trabalhadores de renda média e força as empresas a cortar cargos intermediários. Entre os mais pobres, a expansão decorreu, sobretudo, dos aumentos reais no salário mínimo e do crescimento da atividade econômica no Norte e no Nordeste, mais atendidos pelos programas assistenciais.
A expansão dos empregos e das rendas mais baixas tem efeitos contraditórios. De um lado, melhora as condições de vida das classes mais pobres. De outro, desestimula a produção de bens de maior valor agregado e, portanto, uma maior introdução de progresso técnico.
A demanda por mercadorias mais nobres passa a ser suprida pelas importações -inicialmente de peças e componente e depois dos produtos finais. O encolhimento das classes médias, assim, vai minando as cadeias industriais mais sofisticadas, o que representa mais um obstáculo à expansão sustentada da atividade econômica e do emprego.
De resto, um país que abdica de fortalecer a sua classe média planta a instabilidade social que vai colher no futuro.


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