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Editoriais
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O aceno do BC
A
ATIVIDADE econômica doméstica, que vinha em ritmo forte, perdeu embalo
subitamente na passagem do terceiro ao quarto trimestre. Os
preços das matérias-primas e
dos bens intermediários -do petróleo ao aço, passando pelos
metais e os alimentos- entraram em queda acentuada.
A desaceleração da demanda,
combinada ao copioso regime de
chuvas deste fim de ano, também
está empurrando a cotação da
energia elétrica no mercado livre
para baixo. Leituras mais recentes dos índices de preços trouxeram números tranqüilizadores,
revelando uma inflação mais
acomodada do que o previsto.
Esses fatores não bastaram para convencer o Comitê de Política Monetária do Banco Central,
que optou pela manutenção dos
juros básicos em 13,75% ao ano.
Preponderou a preocupação, que
de fato não pode ser desprezada,
com a disparada do dólar e seus
impactos na inflação futura.
Mas o próprio anúncio da decisão, após um encontro que se estendeu pela noite de quarta-feira, trouxe o indício de que o BC
pode estar prestes a mudar sua
conduta. O comunicado deixa
claro que a hipótese de cortar a
Selic foi discutida pela maioria
dos diretores do Copom. É um
modo de dizer que aumentou a
probabilidade de o juro básico
começar a cair em janeiro.
As negociações que definem os
juros da praça -no mercado de
futuros ou nos pregões do Tesouro- já apontavam tendência
de recuo discreto. O comunicado
do BC a reforçou. Um corte de
0,25 ou meio ponto percentual
pouco afetará as taxas para o tomador final, que seguirão elevadas, por conta das margens de
ganho exigidas pelos bancos.
Ainda assim, a redução da taxa
Selic torna-se a cada dia mais necessária por sua capacidade de
interferir positivamente nas
expectativas de investidores e
empresários -no momento em
que o pessimismo começa a
predominar.
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