São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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Editoriais

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O aceno do BC

A ATIVIDADE econômica doméstica, que vinha em ritmo forte, perdeu embalo subitamente na passagem do terceiro ao quarto trimestre. Os preços das matérias-primas e dos bens intermediários -do petróleo ao aço, passando pelos metais e os alimentos- entraram em queda acentuada.
A desaceleração da demanda, combinada ao copioso regime de chuvas deste fim de ano, também está empurrando a cotação da energia elétrica no mercado livre para baixo. Leituras mais recentes dos índices de preços trouxeram números tranqüilizadores, revelando uma inflação mais acomodada do que o previsto.
Esses fatores não bastaram para convencer o Comitê de Política Monetária do Banco Central, que optou pela manutenção dos juros básicos em 13,75% ao ano. Preponderou a preocupação, que de fato não pode ser desprezada, com a disparada do dólar e seus impactos na inflação futura.
Mas o próprio anúncio da decisão, após um encontro que se estendeu pela noite de quarta-feira, trouxe o indício de que o BC pode estar prestes a mudar sua conduta. O comunicado deixa claro que a hipótese de cortar a Selic foi discutida pela maioria dos diretores do Copom. É um modo de dizer que aumentou a probabilidade de o juro básico começar a cair em janeiro.
As negociações que definem os juros da praça -no mercado de futuros ou nos pregões do Tesouro- já apontavam tendência de recuo discreto. O comunicado do BC a reforçou. Um corte de 0,25 ou meio ponto percentual pouco afetará as taxas para o tomador final, que seguirão elevadas, por conta das margens de ganho exigidas pelos bancos.
Ainda assim, a redução da taxa Selic torna-se a cada dia mais necessária por sua capacidade de interferir positivamente nas expectativas de investidores e empresários -no momento em que o pessimismo começa a predominar.


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