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ELIANE CANTANHÊDE
Os grandes caciques
BRASÍLIA - José Sarney e Antonio Carlos Magalhães são os dois grandes
caciques ainda em ação, mas sofrem
ameaças nas suas próprias tabas, o
Maranhão e a Bahia. Como sói acontecer, essas ameaças são lideradas
por velhos protegidos, hoje poços de
ressentimento e/ou de ambição.
O maior inimigo de Sarney é o governador José Reynaldo Tavares, que
foi seu pupilo durante décadas e virou competidor direto de Roseana.
Digamos que seja aliado do passado
e adversário do futuro. A troca de
acusações é pública. E feia.
Quanto à Bahia: fumaças vindas de
Salvador dão conta de que não se deve convidar para a mesma mesa
ACM e o governador Paulo Souto,
seu ex-apadrinhado. Não há acusações públicas, mas disputas de bastidores que prometem emoções. Nesse
caso, não é caso de rompimento. Melhor dizer estremecimento.
Há diferenças entre Sarney-Maranhão e ACM-Bahia. Uma delas é
que, enquanto José Reynaldo viveu à
sombra dos Sarney (virou até ministro!), Souto é um técnico sóbrio, cheio
de brios e veleidades de independência. Um faz escândalos, o outro reúne
aliados na Assembléia.
Outra diferença: Sarney é implacável, porém suave, e, assim, rompeu
com exatamente todos os seus pupilos que viraram governadores, mas
manteve o comando. ACM vai no
grito, usa o medo para forjar "lealdades" e o risco é ver seu exército baiano batendo continência para Souto.
A Lula não escapam esses movimentos. Ele parece desistir de ACM,
mas continua investindo em Sarney,
que vence até quando perde. Perdeu
na emenda da reeleição para a presidência do Senado, mas ganha uma
vaga para Roseana no ministério. Ou
seja: uma trincheira para enfrentar
os canhões de José Reynaldo.
Já ACM -que defendia a aliança
do PFL com Lula e perdeu- vai ter
de se virar com a presidência da CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça
do Senado), com seu império de comunicação e com a aposta no deputado federal ACM Neto. Não é pouco,
mas ele já teve muito mais poder.
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