São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

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ELIANE CANTANHÊDE

Os grandes caciques

BRASÍLIA - José Sarney e Antonio Carlos Magalhães são os dois grandes caciques ainda em ação, mas sofrem ameaças nas suas próprias tabas, o Maranhão e a Bahia. Como sói acontecer, essas ameaças são lideradas por velhos protegidos, hoje poços de ressentimento e/ou de ambição.
O maior inimigo de Sarney é o governador José Reynaldo Tavares, que foi seu pupilo durante décadas e virou competidor direto de Roseana. Digamos que seja aliado do passado e adversário do futuro. A troca de acusações é pública. E feia.
Quanto à Bahia: fumaças vindas de Salvador dão conta de que não se deve convidar para a mesma mesa ACM e o governador Paulo Souto, seu ex-apadrinhado. Não há acusações públicas, mas disputas de bastidores que prometem emoções. Nesse caso, não é caso de rompimento. Melhor dizer estremecimento.
Há diferenças entre Sarney-Maranhão e ACM-Bahia. Uma delas é que, enquanto José Reynaldo viveu à sombra dos Sarney (virou até ministro!), Souto é um técnico sóbrio, cheio de brios e veleidades de independência. Um faz escândalos, o outro reúne aliados na Assembléia.
Outra diferença: Sarney é implacável, porém suave, e, assim, rompeu com exatamente todos os seus pupilos que viraram governadores, mas manteve o comando. ACM vai no grito, usa o medo para forjar "lealdades" e o risco é ver seu exército baiano batendo continência para Souto.
A Lula não escapam esses movimentos. Ele parece desistir de ACM, mas continua investindo em Sarney, que vence até quando perde. Perdeu na emenda da reeleição para a presidência do Senado, mas ganha uma vaga para Roseana no ministério. Ou seja: uma trincheira para enfrentar os canhões de José Reynaldo.
Já ACM -que defendia a aliança do PFL com Lula e perdeu- vai ter de se virar com a presidência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça do Senado), com seu império de comunicação e com a aposta no deputado federal ACM Neto. Não é pouco, mas ele já teve muito mais poder.


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