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O pavio está aceso
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Se faltava acender o pavio
da dinamite, isso foi feito ontem por
Leonel Brizola ao discursar no ato a
favor da moratória mineira.
Brizola pediu que o movimento fosse
para as ruas. Foi ovacionado.
A idéia é começar por Belo Horizonte, na segunda-feira que vem, quando
os governadores de oposição estarão
na cidade. Depois, ampliar as passeatas e comícios pelo país.
Se vai dar certo, é outra história.
Mas já é claro que o cenário toma contornos do que pode se transformar numa profunda crise política e institucional.
Brizola não estava só ontem. Ao seu
lado, Lula bateu pesado no governo
FHC. Nem parecia o mesmo Lula que
outro dia tomava uísque na ala residencial do Palácio da Alvorada.
É bom registrar que Lula e Brizola
tinham ontem um brilho nos olhos
nunca visto na campanha eleitoral do
ano passado. Parece que agora são
eles que estão na frente nas pesquisas.
E querem aproveitar a hora.
Brizola lembrou a época em que
emitiu dinheiro no Rio Grande do Sul,
quando governava aquele Estado no
início dos anos 60.
Lula também deu seu testemunho de
ruptura. Relatou que um advogado do
Sindicato dos Metalúrgicos de São
Bernardo, nos anos 70, sempre tinha
um argumento contra o que os sindicalistas propunham. "Tudo era contra
a lei", lembrou Lula.
O petista disse que teve de deixar a
lei de lado para fazer alguma coisa.
Ninguém chegou a pregar um desrespeito explícito às leis para defender
Itamar Franco. Mas que chegaram
bem perto disso chegaram.
Em resumo, está aceso o pavio de
uma crise que, diferentemente do que
diz o senador Antonio Carlos Magalhães, não arrefecerá em nada só porque o Congresso deve aprovar hoje algumas MPs do ajuste fiscal.
Só para lembrar.
A moratória da dívida externa russa, em 17 de agosto do ano passado,
ocorreu depois que os governos locais
não honraram mais os seus débitos.
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