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ELIANE CANTANHÊDE
Agora ou nunca
BRASÍLIA - O presidente do TRE de Roraima, desembargador Mauro
Campello, é suspeito de descontar
parte dos salários de funcionários e
desviá-los para as contas da mulher e
da sogra. A PF prendeu uma meia
dúzia de pessoas por lá.
Feio, não é? Mas está longe de ser
uma exclusividade do TRE da longínqua Roraima. Ao contrário, parece ser uma espécie de prática comum
em diferentes Estados e instâncias de
poder, inclusive no Congresso Nacional. A Folha até já fez reportagens a
respeito, e ficou por isso mesmo.
Como as eleições para as presidências da Câmara e do Senado vão ser
amanhã, com a renovação das duas
Mesas, não custa alertar que esse tipo
de coisa que "todo mundo faz" anda
dando cadeia na região Norte. Vai
que a moda pega no cerrado...
Há um certo frisson com a vitória
já anunciada do polêmico peemedebista Renan Calheiros no Senado e
com a disputa ferrenha na Câmara
entre dois petistas, o paulista Luiz
Eduardo Greenhalgh, candidato oficial do PT e ostensivo do Planalto, e o
mineiro Virgílio Guimarães, avulso.
Dúvida: por que, apesar de avulso,
Virgílio ocupa tanto espaço? Como o
PSDB não tem se metido muito e o
PFL tem até nome próprio (o baiano
José Carlos Aleluia), a resposta está
nos governistas -uns são contra o
estilo Greenhalgh, outros, contra o
PT, e muitos, contra o Planalto. Isso
costuma deixar seqüelas.
O que importa, porém, é a instituição. Greenhalgh deve ganhar, mas,
assuma quem assumir, é bom ficar
de olho em práticas como verbas que
são para uma coisa e vão para outra,
salários que são de funcionários e
vão para mulheres e sogras, gente
que deveria trabalhar em Brasília e
mora a milhares de quilômetros da
capital.
No Senado, não se anime. Mas o
PT tem o Executivo, deve ter mais
uma chance na Câmara e toda a mágica do partido que completa 25 anos
está justamente nisso: em ser diferente e vir para mudar. Que ponha as
barbas de molho.
É agora ou nunca.
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