São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2005

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ELIANE CANTANHÊDE

Agora ou nunca

BRASÍLIA - O presidente do TRE de Roraima, desembargador Mauro Campello, é suspeito de descontar parte dos salários de funcionários e desviá-los para as contas da mulher e da sogra. A PF prendeu uma meia dúzia de pessoas por lá.
Feio, não é? Mas está longe de ser uma exclusividade do TRE da longínqua Roraima. Ao contrário, parece ser uma espécie de prática comum em diferentes Estados e instâncias de poder, inclusive no Congresso Nacional. A Folha até já fez reportagens a respeito, e ficou por isso mesmo.
Como as eleições para as presidências da Câmara e do Senado vão ser amanhã, com a renovação das duas Mesas, não custa alertar que esse tipo de coisa que "todo mundo faz" anda dando cadeia na região Norte. Vai que a moda pega no cerrado...
Há um certo frisson com a vitória já anunciada do polêmico peemedebista Renan Calheiros no Senado e com a disputa ferrenha na Câmara entre dois petistas, o paulista Luiz Eduardo Greenhalgh, candidato oficial do PT e ostensivo do Planalto, e o mineiro Virgílio Guimarães, avulso.
Dúvida: por que, apesar de avulso, Virgílio ocupa tanto espaço? Como o PSDB não tem se metido muito e o PFL tem até nome próprio (o baiano José Carlos Aleluia), a resposta está nos governistas -uns são contra o estilo Greenhalgh, outros, contra o PT, e muitos, contra o Planalto. Isso costuma deixar seqüelas.
O que importa, porém, é a instituição. Greenhalgh deve ganhar, mas, assuma quem assumir, é bom ficar de olho em práticas como verbas que são para uma coisa e vão para outra, salários que são de funcionários e vão para mulheres e sogras, gente que deveria trabalhar em Brasília e mora a milhares de quilômetros da capital.
No Senado, não se anime. Mas o PT tem o Executivo, deve ter mais uma chance na Câmara e toda a mágica do partido que completa 25 anos está justamente nisso: em ser diferente e vir para mudar. Que ponha as barbas de molho.
É agora ou nunca.


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