São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O pêndulo de Kassab

O PREFEITO de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), precisa abrir em sua agenda de candidato mais espaço para administrar a metrópole. Desde que se consolidou em sua mente a idéia de disputar a própria sucessão, Kassab vem adotando uma agenda errática, que caminha ao sabor de conveniências de momento e não de programas ou planejamento coerentes, como seria de esperar de quem comanda uma cidade na qual vivem mais de 10 milhões de habitantes.
O resultado desse novo modo de agir do prefeito é uma sucessão de vaivéns. Para adular potenciais aliados na Câmara, Kassab tentou justificar a violação, por parte de um vereador, da Lei Cidade Limpa, que bane faixas e cartazes da cidade e é uma de suas principais bandeiras eleitorais. Quando percebeu que o exercício hermenêutico traria mais danos do que benefícios à sua imagem, mudou de idéia e mandou multar o edil.
Não se trata de um caso isolado. Algumas semanas atrás, Kassab anunciou a proibição de motocicletas nas vias expressas das marginais. Para não se indispor em demasia com um contingente de cerca de 100 mil eleitores, ofereceu, a título de compensação, um experimento esdrúxulo de faixas só para motos na avenida 23 de Maio. O teste fracassou e teve de ser interrompido antes do previsto. Como muitos motociclistas sentiram o cheiro de manobra eleiçoeira, Kassab acabou recuando também da proibição de motos nas marginais.
É perfeitamente legítimo que o prefeito saia candidato. Sua gestão é razoavelmente bem-avaliada pela população e ele terá realizações a exibir. É de seu próprio interesse que a postulação não o transforme em mais um político que se limita a obedecer prescrições dos seus marqueteiros.


Texto Anterior: Editoriais: Alimento na balança
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Os contraventores e o trânsito
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.