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O pêndulo de Kassab
O PREFEITO de São Paulo,
Gilberto Kassab (DEM),
precisa abrir em sua agenda de candidato mais espaço para administrar a metrópole. Desde que se consolidou em sua
mente a idéia de disputar a própria sucessão, Kassab vem adotando uma agenda errática, que
caminha ao sabor de conveniências de momento e não de programas ou planejamento coerentes, como seria de esperar de
quem comanda uma cidade na
qual vivem mais de 10 milhões de
habitantes.
O resultado desse novo modo
de agir do prefeito é uma sucessão de vaivéns. Para adular potenciais aliados na Câmara, Kassab tentou justificar a violação,
por parte de um vereador, da Lei
Cidade Limpa, que bane faixas e
cartazes da cidade e é uma de
suas principais bandeiras eleitorais. Quando percebeu que o
exercício hermenêutico traria
mais danos do que benefícios à
sua imagem, mudou de idéia e
mandou multar o edil.
Não se trata de um caso isolado. Algumas semanas atrás, Kassab anunciou a proibição de motocicletas nas vias expressas das
marginais. Para não se indispor
em demasia com um contingente de cerca de 100 mil eleitores,
ofereceu, a título de compensação, um experimento esdrúxulo
de faixas só para motos na avenida 23 de Maio. O teste fracassou
e teve de ser interrompido antes
do previsto. Como muitos motociclistas sentiram o cheiro de
manobra eleiçoeira, Kassab acabou recuando também da proibição de motos nas marginais.
É perfeitamente legítimo que o
prefeito saia candidato. Sua gestão é razoavelmente bem-avaliada pela população e ele terá realizações a exibir. É de seu próprio
interesse que a postulação não o
transforme em mais um político
que se limita a obedecer prescrições dos seus marqueteiros.
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