São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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CLÓVIS ROSSI

Os contraventores e o trânsito

SÃO PAULO - No ano passado, em um dos debates promovidos pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, o historiador José Murilo de Carvalho soltou a seguinte frase: "Político hoje é quase sinônimo de contraventor".
Logo acrescentou: "Escrevi essa frase em 1989, último ano do governo Sarney". É definitivo sobre o apodrecimento do mundo político brasileiro que esse respeitado historiador se sinta compelido a repetir a frase quase 20 anos depois e após terem ocupado o poder TODOS os que criticaram José Sarney, de Fernando Collor de Mello a Luiz Inácio Lula da Silva, passando por Fernando Henrique Cardoso.
Pior: Collor, que dizia odiar Sarney e Lula, aliou-se a Lula, que criticava Sarney, que era atacado violentamente por Collor, com o qual não obstante está agora coligado em torno do governo Lula. Eles se merecem, todos, como se vê agora, uma vez mais, no conluio lulopetista/tucanato em torno do abuso com os cartões de crédito.
Por isso, melhor mudar de assunto e falar de temas sérios, que a política deixou de ser. Saiu ontem uma avaliação do sistema de pedágio urbano implantado há exatamente um ano em Londres. Os congestionamentos aumentaram, mas o modelo não pode ser dado como fracassado: o número de veículos que entram na zona "pedagiada" caiu 21%.
Se os congestionamentos cresceram é porque aumentou o tamanho das faixas para ônibus e bicicletas, espremendo os carros; aumentou igualmente o tempo para pedestres cruzarem em certos semáforos; e houve um grande programa de substituição dos encanamentos de gás e água sob as ruas centrais, atrapalhando o trânsito.
Como São Paulo está se tornando inviável, no quesito trânsito, que tal mandar técnicos estudarem os resultados de Londres? Sem cartões corporativos, por favor.


crossi@uol.com.br


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