|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Os contraventores e o trânsito
SÃO PAULO - No ano passado, em
um dos debates promovidos pelo
Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, o historiador José Murilo de Carvalho soltou a seguinte frase: "Político hoje é quase sinônimo
de contraventor".
Logo acrescentou: "Escrevi essa
frase em 1989, último ano do governo Sarney".
É definitivo sobre o apodrecimento do mundo político brasileiro
que esse respeitado historiador se
sinta compelido a repetir a frase
quase 20 anos depois e após terem
ocupado o poder TODOS os que criticaram José Sarney, de Fernando
Collor de Mello a Luiz Inácio Lula
da Silva, passando por Fernando
Henrique Cardoso.
Pior: Collor, que dizia odiar Sarney e Lula, aliou-se a Lula, que criticava Sarney, que era atacado violentamente por Collor, com o qual
não obstante está agora coligado
em torno do governo Lula. Eles se
merecem, todos, como se vê agora,
uma vez mais, no conluio lulopetista/tucanato em torno do abuso com
os cartões de crédito.
Por isso, melhor mudar de assunto e falar de temas sérios, que a política deixou de ser.
Saiu ontem uma avaliação do sistema de pedágio urbano implantado há exatamente um ano em Londres. Os congestionamentos aumentaram, mas o modelo não pode
ser dado como fracassado: o número de veículos que entram na zona
"pedagiada" caiu 21%.
Se os congestionamentos cresceram é porque aumentou o tamanho
das faixas para ônibus e bicicletas,
espremendo os carros; aumentou
igualmente o tempo para pedestres
cruzarem em certos semáforos; e
houve um grande programa de
substituição dos encanamentos de
gás e água sob as ruas centrais, atrapalhando o trânsito.
Como São Paulo está se tornando
inviável, no quesito trânsito, que tal
mandar técnicos estudarem os resultados de Londres? Sem cartões
corporativos, por favor.
crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: O pêndulo de Kassab
Próximo Texto: Brasília - Melchiades Filho: Saque por baixo Índice
|