São Paulo, sábado, 13 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Chamada irritante

INEVITÁVEL, mas irritante a maior parte do tempo, o telefone celular cobra alto preço, em distúrbio e sobressalto cotidiano, pelas comodidades que certamente oferece aos usuários.
Não bastasse a possibilidade de irromper com seu alarme em ocasiões impróprias, e o constrangimento frequente de se ter de ouvir a conversa alheia, em altos brados, do celular do próximo, as próprias empresas de comunicação se encarregam de forçar, ainda mais, os limites da privacidade de todo cidadão.
Nada mais contraproducente, sem dúvida, até em termos de marketing, do que a prática de deixar mensagens de texto na caixa de recados de cada usuário dos serviços -com a finalidade de anunciar-lhe novos planos, pacotes e supostas vantagens.
Recebe-se o aviso da caixa postal, julga-se ter recebido algo importante de amigos ou do trabalho, e pouco depois se revela o abusivo subterfúgio. Ao contrário de outras estratégias publicitárias, o alvo da mensagem é obrigado, ele próprio, a ter participação ativa no processo, teclando números e investindo tempo para enfim receber a proposta que não solicitou.
É portanto uma boa notícia que, por iniciativa do Ministério Público, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) determine que, a partir de maio, os contratos contenham cláusulas abrindo aos usuários a opção de não receber esse tipo de recados.
O alívio, certamente bem-vindo, não deixa de ter alcance limitado. Imagine-se, por exemplo, a dimensão dos incômodos e esforços a serem exigidos do consumidor que, eventualmente, queira reclamar da não observância dos termos do contrato.
Foi, de resto, necessária a intervenção do Ministério Público e da Anatel para fazer valer um princípio inerente às normas da convivência civilizada: o de não abusar da paciência de ninguém.


Texto Anterior: Editoriais: Do palácio à prisão
Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Arcaico e pós-moderno
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.