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REFÉNS DA PF
A greve de funcionários da Polícia Federal é um desses movimentos que acabam por transformar
a sociedade em refém de interesses
corporativos. Mais grave ainda, trata-se de uma instituição ligada à área de
segurança, que está entre os serviços
públicos essenciais.
É óbvio que o relaxamento do trabalho policial e os transtornos causados pela operação padrão em aeroportos não visam a despertar simpatias ou solidariedade dos cidadãos
em relação aos grevistas. O que se
tem, na realidade, é uma aposta na
confusão comandada por representantes de um órgão que deveria trabalhar do lado da ordem. Pretende-se, com isso, gerar irritações e criar
fatos com ampla repercussão na mídia, algo que poderia colocar as autoridades governamentais na defensiva
e favorecer o atendimento das reivindicações em pauta.
Há controvérsias sobre o mérito da
disputa. Em síntese, os policiais reclamam o cumprimento de uma lei
que lhes asseguraria salários equivalentes a postos de nível superior. Exigem equiparação aos vencimentos
dos delegados. Já o Ministério da Justiça entende que a lei estabelece os diversos níveis salariais e não considera aceitável que agentes possam receber o mesmo que delegados. No pano de fundo da posição governista
está a conhecida escassez de recursos financeiros.
Não há nenhuma dúvida de que a
PF, como outras tantas áreas do setor
público brasileiro, passa por graves
dificuldades. Ninguém duvida também de que a remuneração de policiais -não apenas na área federal-
esteja muito aquém do que seria desejável. O próprio ministro da Justiça
já reconheceu essa realidade, embora
a solidariedade retórica oficial nada
resolva de concreto.
É de esperar que a PF e o governo
procurem encerrar o quanto antes
esse patético episódio, no qual cidadãos são prejudicados por quem na
realidade deveria protegê-los.
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