|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Um mês
BRASÍLIA - O caso Waldomiro Diniz faz um mês hoje. O Carnaval ajudou.
O governo abafou. Nada foi suficiente. Desde o dia 13 de fevereiro, o Palácio do Planalto sangra em público.
O escândalo está longe da sua extinção. No máximo, entrará em hibernação. Acompanhará o PT como
uma cicatriz indelével. Um aposto
qualificativo: "José Dirceu, ex-chefe
de Waldomiro", ou "Lula, que mandou abafar a CPI dos bingos".
Passado o primeiro mês, é possível
fazer um balanço preliminar.
1) Vitorioso - o único político que já
encaçapou os benefícios do caso Waldomiro Diniz foi o governador de
Brasília, Joaquim Roriz, do PMDB.
Estava ameaçado de perder o cargo
por causa de acusações de irregularidades. Assumiria o cargo Geraldo
Magela, do PT.
Em sua entrevista-confissão, Waldomiro Diniz disse ter captado recursos ilegais para a campanha de Magela ao governo de Brasília. Magela
negou. Não adiantou. O jogo ficou
zerado. Roriz se salvou.
2) Oposição - é incerto o efeito que o
escândalo terá nas 5.564 disputas
municipais. A memória curta do brasileiro não deve ser desprezada. Os
governistas podem sofrer mais nos
grandes centros.
3) José Dirceu - personificou o escândalo. Mede-se o desgaste pela verossimilhança dos boatos. Um senador desconhecido de Sergipe anunciou ter provas da associação Dirceu-Waldomiro. Era bobagem, mas o
país parou para ouvi-lo.
4) Governo Lula - fica cada vez
mais evidente a incapacidade de reação do presidente. Sua administração estava parada. O escândalo evidenciou o catatonismo. No Congresso, entregou-se a Sarney, ACM e Renan Calheiros. O líder petista Aloizio
Mercadante deixou o fracasso subir à
cabeça. A cada erro de estratégia,
tenta se superar para cometer outro
pior.
Com um mês de crise, esse foi o estrago produzido pelo primeiro escândalo da era Lula. Outros virão.
Texto Anterior: São Paulo - Marcos Augusto Gonçalves: Vícios públicos e privados Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Questão pessoal Índice
|