São Paulo, sábado, 13 de março de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

Um mês

BRASÍLIA - O caso Waldomiro Diniz faz um mês hoje. O Carnaval ajudou. O governo abafou. Nada foi suficiente. Desde o dia 13 de fevereiro, o Palácio do Planalto sangra em público.
O escândalo está longe da sua extinção. No máximo, entrará em hibernação. Acompanhará o PT como uma cicatriz indelével. Um aposto qualificativo: "José Dirceu, ex-chefe de Waldomiro", ou "Lula, que mandou abafar a CPI dos bingos".
Passado o primeiro mês, é possível fazer um balanço preliminar.
1) Vitorioso - o único político que já encaçapou os benefícios do caso Waldomiro Diniz foi o governador de Brasília, Joaquim Roriz, do PMDB. Estava ameaçado de perder o cargo por causa de acusações de irregularidades. Assumiria o cargo Geraldo Magela, do PT.
Em sua entrevista-confissão, Waldomiro Diniz disse ter captado recursos ilegais para a campanha de Magela ao governo de Brasília. Magela negou. Não adiantou. O jogo ficou zerado. Roriz se salvou.
2) Oposição - é incerto o efeito que o escândalo terá nas 5.564 disputas municipais. A memória curta do brasileiro não deve ser desprezada. Os governistas podem sofrer mais nos grandes centros.
3) José Dirceu - personificou o escândalo. Mede-se o desgaste pela verossimilhança dos boatos. Um senador desconhecido de Sergipe anunciou ter provas da associação Dirceu-Waldomiro. Era bobagem, mas o país parou para ouvi-lo.
4) Governo Lula - fica cada vez mais evidente a incapacidade de reação do presidente. Sua administração estava parada. O escândalo evidenciou o catatonismo. No Congresso, entregou-se a Sarney, ACM e Renan Calheiros. O líder petista Aloizio Mercadante deixou o fracasso subir à cabeça. A cada erro de estratégia, tenta se superar para cometer outro pior.
Com um mês de crise, esse foi o estrago produzido pelo primeiro escândalo da era Lula. Outros virão.


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