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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Novidade, mas nem tanto

BRASÍLIA - Um "must" do chefe da Casa Civil, José Dirceu, é justificar que os ministérios estão devagar, quase parando, porque nunca houve uma troca tão significativa de ministros quanto agora. É meia verdade.
Do regime militar para o governo que seria de Tancredo e acabou sendo de Sarney, a troca foi marcante. Para simplificar, "anfíbios" (políticos de origem militar), como Jarbas Passarinho e Mário Andreazza, foram trocados por civis. A rotatividade foi tanta que até um arquiinimigo dos Sarney no Maranhão, Renato Archer, virou ministro.
De Sarney para Collor, as novidades foram de bom tamanho, a começar pela até então inexpressiva (e depois famosa) Zélia Cardoso de Mello num superministério da Economia e pelo ainda mais inexpressivo Pedro Paulo Leoni Ramos na delicada área de informações. Quer mais?
De Collor para Itamar, mais guinadas, com os tucanos entrando em campo sob o comando de FHC e o surgimento do grupo de Henrique Hargreaves, com o sugestivo apelido de "República do pão de queijo".
De Itamar para FHC, os tucanos da área política, como José Serra, ou da acadêmica, como Pedro Malan, concluíram uma ocupação de oito anos da Esplanada dos Ministérios.
Nenhuma dessas mudanças foi desprezível e, pulando de Figueiredo para FHC, o salto foi enorme.
As trocas de FHC para Lula também são visíveis e, no conjunto, pode-se arriscar uma comparação. A nova equipe é mais ideológica e sonhadora, além de mais inexperiente e com menos densidade acadêmica. Mas nenhuma mudança tão profunda como Dirceu quer fazer crer.
É mais fácil, simples e direto dizer que os ministros estão apanhando mesmo. Da falta de recursos, é verdade, mas também do mau desenho administrativo, com ministérios sobrando e ações faltando, e do desconhecimento da máquina federal.
Assumir leva tempo, e este ministério é apenas o primeiro. Vai haver intervenção branca e, depois, fatalmente, troca de nomes e cadeiras. É apenas questão de tempo.



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