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São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2003

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O DÓLAR FRACO

Desde a ruptura do acordo de Bretton Woods em 1973 pelo presidente Nixon, as principais moedas internacionais passaram a apresentar grandes oscilações. O dólar sofreu dois ciclos de baixa (1973-1979 e 1986-1995), alternados por dois ciclos de alta (1980-1985 e 1996-2001). Agora enfrenta novo processo de desvalorização.
A perda de valor do dólar pode ser benéfica para a economia americana, mas descarregará sobre o resto do mundo os custos do ajuste. As corporações norte-americanas trabalham com elevada capacidade ociosa, e a fraca demanda interna restringe a capacidade de elevar os preços domésticos.
Mas a desvalorização constante do dólar introduz o risco de os investidores internacionais exigirem uma elevação da taxa de juros americana. O financiamento do déficit externo de US$ 500 bilhões requer entrada líquida de capital nos EUA de quase US$ 2 bilhões por dia útil. Uma elevação dos juros pelo Fed, mesmo que pequena, introduziria novas dificuldades nas finanças das empresas e dos consumidores americanos, ampliando as forças deflacionistas.
A desvalorização do dólar restringe também o dinamismo dos exportadores para os Estados Unidos, uma vez que encarece os seus produtos. Os governos dos países asiáticos estão realizando intervenções para conter a valorização de suas moedas. Isso repassa para a Europa a maior parcela dos custos da desvalorização do dólar. Assim, fica mais difícil para as empresas européias contarem com suas exportações para liderar o crescimento. Se a demanda doméstica européia, que cresceu só 0,2% em 2002, não voltar a aumentar, há o risco de uma recessão acompanhada por deflação na Europa.
Seria importante que as autoridades monetárias das principais economias começassem a combater essas ameaças. À Europa cabe exercer um papel de liderança, inclusive para facilitar a integração de novos membros na UE a partir de 2004.



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