|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Líbano, um sintoma
O LÍBANO é um sintoma. Enquanto não for equacionado o conflito no Oriente
Médio, o país continuará exposto a sucessivas crises políticas
que só não atingem o clímax porque os libaneses ainda têm vívida
memória dos horrores da guerra
civil, que devastou a nação entre
1975 e 1990.
Além de lidar com as rivalidades e o complexo balanço de poder entre as 18 seitas oficialmente reconhecidas, que disputam
cada naco de um país com área
equivalente à metade do Estado
de Sergipe, o Líbano serve de palco secundário para vários conflitos travados no Oriente Médio.
De um lado está o governo do
primeiro-ministro Fuad Siniora,
sustentado por muçulmanos sunitas, drusos e parte dos cristãos.
No plano internacional, o gabinete tem o apoio de EUA, França
e a maioria dos países árabes.
À oposição, liderada pelo grupo extremista Hizbollah, agregam-se a virtual totalidade da
população xiita e os cristãos fiéis
ao general Michel Aoun. O Hizbollah é financiado e armado pela Síria e pelo Irã, que se valem da
milícia também para lançar ataques esporádicos a Israel.
Os recentes conflitos começaram depois que o governo Siniora tentou desbaratar uma rede
de comunicações do Hizbollah. A
milícia reagiu e ocupou bairros
sunitas de Beirute. O Exército libanês, também dividido em linhas sectárias, fez o que pode:
ensaiou uma mediação que manteve inalterado o "statu quo".
Foi uma vitória do Irã e da Síria
sobre o débil governo libanês
eleito. Os EUA, sob comando de
um presidente enfraquecido, em
final de mandato, se envolvem
menos no Oriente Médio. Tal
afastamento não contribui para
fazer a situação política avançar.
A melhor chance do Líbano está
em trazer a Síria para negociações de paz com EUA e Israel.
Ao contrário do Irã, a Síria pode ser convencida a deixar de
apoiar o Hizbollah e o Hamas em
troca da devolução das colinas de
Golã, tomadas por Israel na
guerra de 1967.
A dificuldade é que o presidente Bush e o premiê israelense,
Ehud Olmert, envolvido num escândalo de financiamento de
campanha, não têm condições
políticas de negociar mais nada.
Texto Anterior: Editoriais: Sem novidades Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: "The Big One" Índice
|