São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2008

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Líbano, um sintoma

O LÍBANO é um sintoma. Enquanto não for equacionado o conflito no Oriente Médio, o país continuará exposto a sucessivas crises políticas que só não atingem o clímax porque os libaneses ainda têm vívida memória dos horrores da guerra civil, que devastou a nação entre 1975 e 1990.
Além de lidar com as rivalidades e o complexo balanço de poder entre as 18 seitas oficialmente reconhecidas, que disputam cada naco de um país com área equivalente à metade do Estado de Sergipe, o Líbano serve de palco secundário para vários conflitos travados no Oriente Médio.
De um lado está o governo do primeiro-ministro Fuad Siniora, sustentado por muçulmanos sunitas, drusos e parte dos cristãos. No plano internacional, o gabinete tem o apoio de EUA, França e a maioria dos países árabes.
À oposição, liderada pelo grupo extremista Hizbollah, agregam-se a virtual totalidade da população xiita e os cristãos fiéis ao general Michel Aoun. O Hizbollah é financiado e armado pela Síria e pelo Irã, que se valem da milícia também para lançar ataques esporádicos a Israel.
Os recentes conflitos começaram depois que o governo Siniora tentou desbaratar uma rede de comunicações do Hizbollah. A milícia reagiu e ocupou bairros sunitas de Beirute. O Exército libanês, também dividido em linhas sectárias, fez o que pode: ensaiou uma mediação que manteve inalterado o "statu quo".
Foi uma vitória do Irã e da Síria sobre o débil governo libanês eleito. Os EUA, sob comando de um presidente enfraquecido, em final de mandato, se envolvem menos no Oriente Médio. Tal afastamento não contribui para fazer a situação política avançar. A melhor chance do Líbano está em trazer a Síria para negociações de paz com EUA e Israel.
Ao contrário do Irã, a Síria pode ser convencida a deixar de apoiar o Hizbollah e o Hamas em troca da devolução das colinas de Golã, tomadas por Israel na guerra de 1967.
A dificuldade é que o presidente Bush e o premiê israelense, Ehud Olmert, envolvido num escândalo de financiamento de campanha, não têm condições políticas de negociar mais nada.


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