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ELIANE CANTANHÊDE
Mentira tem perna curta
BRASÍLIA - Henrique Meirelles
era ligado à AP (Ação Popular, da
década de 1960) e teve até alguma
participação no movimento estudantil de resistência à ditadura,
mas nunca foi preso e muito menos
torturado. Se conhece pau-de-arara
e palmatória, é de ouvir falar.
Por isso ele não teve nem tem o
direito de mentir, apesar de aparentemente estar mentindo pelos cotovelos quando diz que não quer,
não tem condições e não vai concorrer ao governo de Goiás em
2010. Ele me disse isso, olho no
olho, em 25 de abril. Ainda bem que
não escrevi. Dias depois, veio a notícia de que vai se candidatar -e até
já comunicou ao chefe Lula. De
duas, uma: ou Meirelles mente, ou
Lula mente. Façam suas apostas.
Na nossa conversa, o presidente
do BC recebeu um telefonema e
disse que estava monitorando "a
abertura das Bolsas na Ásia". Era
sexta-feira, e Bolsa nenhuma, asiática ou não, abre aos sábados. Vá lá
que era uma mentirinha indolor.
Mas também é coisa de quem subestima a inteligência do interlocutor com muita facilidade.
Não dá para entender por que
Meirelles me chamou para desmentir o "indesmentível": que não
desistiu de suas pretensões eleitorais, depois de trocar o admirável
mundo das finanças globais justamente para enveredar pela política
no Brasil. Ele explica a troca do domicílio eleitoral para Anápolis "por
questões sentimentais", mas articula com líderes goianos de quase
todos os partidos e gostos, à frente o
mensaleiro Sandro Mabel.
Com tanto assessor e consultor,
alguns meus bons amigos, falta
quem lhe diga que conversa em
"off" com jornalista é para informar
e balizar, não para mentir e confundir. Mentira tem perna curta. Em
Brasília, curtíssima.
Meirelles vai ao Congresso hoje e,
em vez da proteção do "off", terá
ouvidos adversários, câmaras e gravadores. Tudo o que falar poderá
ser usado contra ele amanhã. Em
especial o que for mentira.
elianec@uol.com.br
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