São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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CLÓVIS ROSSI

Os compadres e os vistos

SÃO PAULO - Denise Abreu pode não ter apontado uma delinqüência específica de algum figurão da República, no caso Varig, mas deixou claro que os compadres se movimentam com total desenvoltura, ajudando a definir negócios.
Não chega a ser novidade. O governo Lula meteu os dois pés, desde o princípio, nesse terreno pantanoso dos negócios mal-explicados, malcheirosos. Foi assim, a rigor, desde que Benedita da Silva, então ministra, foi rezar em Buenos Aires usando dinheiro público.
Ninguém, no governo ou no PT, se indignou. Depois, veio tudo o que veio e o que ainda está por vir, como é o caso da fusão na telefonia, feita à margem da lei, mas com a segurança, graças ao compadrio, de que o governo mudará a lei para corrigir postumamente a ilegalidade.
Aliás, por falar em teles e em compadrio, não custa lembrar que não foi diferente a montagem de consórcios vencedores no governo anterior, feita no "limite da irresponsabilidade", conforme dizia um dos autores, colhido em "grampo".
Não surpreende, nesse pântano, que, segundo o jornal "Financial Times", o Brasil esteja no grupo de 11 países aos quais o Reino Unido vai pedir que sejam sérios no controle de emigração, sob pena de impor visto de entrada para seus cidadãos.
O governo até reconhece o Brasil como "ator global que emerge rapidamente e é de grande importância para os interesses britânicos, comerciais, econômicos e políticos". Mas não é sério o suficiente. Fica no pântano em que estão suspeitos usuais como Botsuana, Bolívia, Venezuela.
Os "compadres" não terão problemas, mas os mortais comuns... O que surpreende, nesse Brasil, é a avaliação do ministro Fernando Haddad sobre os resultados do Ideb, bem razoáveis.
Foi pior que regular, disse Haddad. Enfim alguém que não se autocongratula. Há quem o faça até pela mediocridade (ou arranja desculpas para maracutaias).


crossi@uol.com.br

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