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CLÓVIS ROSSI
Os compadres e os vistos
SÃO PAULO - Denise Abreu pode
não ter apontado uma delinqüência
específica de algum figurão da República, no caso Varig, mas deixou
claro que os compadres se movimentam com total desenvoltura,
ajudando a definir negócios.
Não chega a ser novidade. O governo Lula meteu os dois pés, desde
o princípio, nesse terreno pantanoso dos negócios mal-explicados,
malcheirosos. Foi assim, a rigor,
desde que Benedita da Silva, então
ministra, foi rezar em Buenos Aires
usando dinheiro público.
Ninguém, no governo ou no PT,
se indignou. Depois, veio tudo o que
veio e o que ainda está por vir, como
é o caso da fusão na telefonia, feita à
margem da lei, mas com a segurança, graças ao compadrio, de que o
governo mudará a lei para corrigir
postumamente a ilegalidade.
Aliás, por falar em teles e em
compadrio, não custa lembrar que
não foi diferente a montagem de
consórcios vencedores no governo
anterior, feita no "limite da irresponsabilidade", conforme dizia um
dos autores, colhido em "grampo".
Não surpreende, nesse pântano,
que, segundo o jornal "Financial Times", o Brasil esteja no grupo de 11
países aos quais o Reino Unido vai
pedir que sejam sérios no controle
de emigração, sob pena de impor
visto de entrada para seus cidadãos.
O governo até reconhece o Brasil
como "ator global que emerge rapidamente e é de grande importância
para os interesses britânicos, comerciais, econômicos e políticos".
Mas não é sério o suficiente. Fica
no pântano em que estão suspeitos
usuais como Botsuana, Bolívia, Venezuela.
Os "compadres" não terão problemas, mas os mortais comuns...
O que surpreende, nesse Brasil, é
a avaliação do ministro Fernando
Haddad sobre os resultados do
Ideb, bem razoáveis.
Foi pior que regular, disse Haddad. Enfim alguém que não se autocongratula. Há quem o faça até pela
mediocridade (ou arranja desculpas para maracutaias).
crossi@uol.com.br
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