São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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NELSON MOTTA

Ãos e inhos

RIO DE JANEIRO - Pesquisas recentes mostraram que, surpreendentemente, os cariocas trabalham mais horas por mês do que os paulistas. E que São Paulo tem mais pobres do que o Rio. Calma, é quantitativamente, por ser maior. Mesmo assim, São Paulo diminuiu seus índices de criminalidade pela metade, enquanto os do Rio cresceram assustadoramente. Além disso, São Paulo tem o triplo de presos do Rio de Janeiro -o que explica parte do sucesso, pela eficiência policial e judicial. A outra parte é administrativa, e política, é claro.
Quem você acha que administraria melhor o seu Estado: Covas-Alckmin-Serra ou Garotinho-Benedita-Rosinha?
O que acontece quando um Estado passa oito anos rompido com o governo federal e com a prefeitura da capital?
Quando a Polícia Federal indicia o ex-chefe de polícia carioca como comandante de uma quadrilha de policiais, com a conivência do ex-governador, ficam mais claras as diferenças nos métodos, práticas e resultados.
O governador Sérgio Cabral, além de boa praça e político habilidoso, é um homem de sorte: cai no colo do seu governo, pelas mãos da Polícia Federal, a maior chance que o Rio de Janeiro já teve para iniciar uma limpeza exemplar no aparelho policial, capaz de sinalizar uma mudança na política de segurança pública -que começa com a correção e a qualificação das forças policiais: tolerância zero. É um processo que não se faz por decreto nem do dia para a noite, que exige coragem, determinação e apoio político, mas queimará etapas e receberá grande força e impulso se o chefão e os seus "inhos" forem condenados.
Até as ratazanas da Alerj estão abandonando o navio, no caso, o bonde. Mas ninguém queria relatar o processo de cassação do ex-chefão, que sabe muito e sairá atirando.


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