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NELSON MOTTA
Ãos e inhos
RIO DE JANEIRO - Pesquisas recentes mostraram que, surpreendentemente, os cariocas trabalham
mais horas por mês do que os paulistas. E que São Paulo tem mais pobres do que o Rio. Calma, é quantitativamente, por ser maior. Mesmo
assim, São Paulo diminuiu seus índices de criminalidade pela metade,
enquanto os do Rio cresceram assustadoramente. Além disso, São
Paulo tem o triplo de presos do Rio
de Janeiro -o que explica parte do
sucesso, pela eficiência policial e judicial. A outra parte é administrativa, e política, é claro.
Quem você acha que administraria melhor o seu Estado: Covas-Alckmin-Serra ou Garotinho-Benedita-Rosinha?
O que acontece quando um Estado passa oito anos rompido com o
governo federal e com a prefeitura
da capital?
Quando a Polícia Federal indicia
o ex-chefe de polícia carioca como
comandante de uma quadrilha de
policiais, com a conivência do ex-governador, ficam mais claras as
diferenças nos métodos, práticas e
resultados.
O governador Sérgio Cabral, além
de boa praça e político habilidoso, é
um homem de sorte: cai no colo do
seu governo, pelas mãos da Polícia
Federal, a maior chance que o Rio
de Janeiro já teve para iniciar uma
limpeza exemplar no aparelho policial, capaz de sinalizar uma mudança na política de segurança pública
-que começa com a correção e a
qualificação das forças policiais: tolerância zero. É um processo que
não se faz por decreto nem do dia
para a noite, que exige coragem, determinação e apoio político, mas
queimará etapas e receberá grande
força e impulso se o chefão e os seus
"inhos" forem condenados.
Até as ratazanas da Alerj estão
abandonando o navio, no caso, o
bonde. Mas ninguém queria relatar
o processo de cassação do ex-chefão, que sabe muito e sairá atirando.
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