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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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SINAL DE LENTIDÃO

O Banco Central tomou o pulso do mercado e identificou expectativas de menor inflação por parte de bancos e empresas. A pesquisa do BC indicou que os agentes projetam índice de 9,9% para o final do ano e estimam em 6,5% a alta de preços em 2004. A meta para o próximo ano é de 5,5%, porém com tolerância de 2,5 pontos percentuais, o que a eleva ao limite de 8%.
De fato, a tendência da inflação, em resposta à política restritiva adotada pelo BC, tem sido de declínio acentuado. Obviamente a sequência de de deflações ainda em curso deverá ser interrompida, sob impacto, principalmente, de reajustes de tarifas. Nada, porém, sugere que os preços não estejam sob controle.
É com assombro, portanto, que se recebe a recente declaração do presidente do BC, Henrique Meirelles, sobre a permanência do risco de aumento da inflação. Considerando-se que na próxima semana o Comitê de Política Monetária (Copom) reúne-se para decidir sobre a taxa básica de juros, a cautela demonstrada por Meirelles pode ser interpretada como sinal de que a Selic continuará a ser reduzida a doses homeopáticas.
O BC tem defendido a tese de que pequenas quedas ao longo do tempo seriam melhores para a retomada do crescimento do que mudanças acentuadas. O cenário econômico, no entanto, está a exigir da autoridade monetária um pouco menos de conservadorismo. Não se trata de clamar por reduções abruptas e drásticas. Porém, mesmo analistas mais cautelosos consideraram que o corte dos juros na última reunião poderia ter sido menos tímido.
É possível que o BC venha a valer-se da recente mudança nos depósitos compulsórios para justificar uma nova decisão aquém das expectativas. O que seria lamentável.


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