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ROTEIRO CONHECIDO
Ninguém pode dizer que foi
uma surpresa. Depois de algumas semanas de relativa tranquilidade em Israel e nos territórios palestinos, duas novas ações ameaçam o
processo de paz, que, apesar de cambaleante, seguia em frente.
Ontem, dois atentados suicidas
-um em Rosh Haayin, perto de Tel
Aviv, e outro nas imediações do assentamento judaico de Ariel, na Cisjordânia- mataram, além dos autores, dois israelenses e deixaram 12 feridos. O premiê de Israel, Ariel Sharon, disse que não haverá progressos
no processo de paz enquanto a Autoridade Nacional Palestina não desmantelar os grupos terroristas.
O roteiro é conhecido. Radicais palestinos atacam israelenses utilizando um pretexto qualquer. Israel reage aos ataques, o que servirá de base
para as próximas ações palestinas.
Em pouco tempo, a região está sob
um mar de sangue. A única forma de
interromper o ciclo de violência é
convencer os dois lados a renunciar
ao revide. E a trégua acatada pelos
principais grupos radicais palestinos
cumpria esse objetivo, ainda que precariamente como agora se vê.
É possível que, nos próximos dias,
a violência atinja mais um ponto paroxístico. Mas, se Israel agir com
contenção e não revidar espetacularmente os ataques de ontem, não é
improvável que o frágil cessar-fogo
venha a ser restabelecido. A trégua
não é um fim em si mesmo, mas
uma condição necessária para que se
reduza a desconfiança e que negociações sólidas possam ser retomadas.
O pouco que se avançou até aqui se
deveu à intensa pressão dos EUA sobre palestinos e, principalmente, sobre israelenses. Para não pôr tudo
agora a perder, é preciso que o presidente Bush intensifique ainda mais
suas gestões procurando evitar uma
nova escalada de violência.
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