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CLÓVIS ROSSI
Um bom companheiro
SÃO PAULO - O Canadá incluiu o
Brasil, recentemente, entre os 12 países prioritários para sua diplomacia.
Grande coisa, dirão os brasileiros
de baixa auto-estima, que, se não são
a maioria, são uma fatia ponderável
da tribo tupiniquim.
É grande coisa, sim, senhor cético.
Ao lado do Brasil estão apenas os
parceiros do Canadá no G-8 -os sete
mais ricos do mundo e a Rússia-
mais China, Índia e México.
É boa ou má companhia, conforme
o ponto de vista, mas só tarados serão
capazes de dizer que não são companhias importantes.
Falta agora a contrapartida, qual
seja dar ao Canadá status de bom
companheiro, nem que seja pelo fato
de que pode ensinar ao Brasil como
lidar com os Estados Unidos.
Relacionar-se com a única superpotência remanescente é complicado
para todo o mundo, mas parece ser
especialmente complicado para um
país como o Brasil, acostumado (infelizmente) a um raciocínio binário,
preto ou branco, ódio ou amor e assim por diante.
O Canadá tem um comércio com os
EUA por dia maior do que com a
União Européia por ano. Não obstante, adota posições independentes
em política externa.
Exemplo antigo: é o único país das
Américas que jamais rompeu relações com Cuba.
Exemplo do momento: foi contrário
à invasão do Iraque.
No caso específico de um governo
como o do PT, que diz querer mudanças, mas parece ter perdido a bússola, convém lembrar que o Canadá é
o perfeito exemplo do que se poderia
chamar de capitalismo com face humana: esteve por sete anos consecutivos no primeiro lugar do IDH (Índice
de Desenvolvimento Humano),
aquele que mede, mais que a riqueza,
o bem-estar de uma sociedade.
Não se trata, como é óbvio, de imitar o Canadá, até por ser ele inimitável. Mas aprender algo com quem
tem essa performance não parece
bastante saudável?
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