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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Um bom companheiro

SÃO PAULO - O Canadá incluiu o Brasil, recentemente, entre os 12 países prioritários para sua diplomacia.
Grande coisa, dirão os brasileiros de baixa auto-estima, que, se não são a maioria, são uma fatia ponderável da tribo tupiniquim.
É grande coisa, sim, senhor cético. Ao lado do Brasil estão apenas os parceiros do Canadá no G-8 -os sete mais ricos do mundo e a Rússia- mais China, Índia e México.
É boa ou má companhia, conforme o ponto de vista, mas só tarados serão capazes de dizer que não são companhias importantes.
Falta agora a contrapartida, qual seja dar ao Canadá status de bom companheiro, nem que seja pelo fato de que pode ensinar ao Brasil como lidar com os Estados Unidos.
Relacionar-se com a única superpotência remanescente é complicado para todo o mundo, mas parece ser especialmente complicado para um país como o Brasil, acostumado (infelizmente) a um raciocínio binário, preto ou branco, ódio ou amor e assim por diante.
O Canadá tem um comércio com os EUA por dia maior do que com a União Européia por ano. Não obstante, adota posições independentes em política externa.
Exemplo antigo: é o único país das Américas que jamais rompeu relações com Cuba.
Exemplo do momento: foi contrário à invasão do Iraque.
No caso específico de um governo como o do PT, que diz querer mudanças, mas parece ter perdido a bússola, convém lembrar que o Canadá é o perfeito exemplo do que se poderia chamar de capitalismo com face humana: esteve por sete anos consecutivos no primeiro lugar do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), aquele que mede, mais que a riqueza, o bem-estar de uma sociedade.
Não se trata, como é óbvio, de imitar o Canadá, até por ser ele inimitável. Mas aprender algo com quem tem essa performance não parece bastante saudável?


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