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FERNANDO RODRIGUES
Populismo previdenciário
BRASÍLIA - Na última hora da votação da reforma da Previdência, na
semana passada, foi incluído um trecho no texto que, supostamente, beneficiará os brasileiros mais pobres,
na informalidade. Foi um truque.
O trecho é o seguinte: "Lei disporá
sobre sistema especial de inclusão
previdenciária para trabalhadores
de baixa renda, garantindo-lhes
acesso a benefícios de valor igual a
um salário mínimo, exceto aposentadoria por tempo de contribuição".
A única parte boa desse parágrafo é
deixar a regulamentação para uma
lei. Teria sido pior inserir na Constituição os detalhes desse tal "sistema
especial de inclusão".
Enquanto a lei não existir, fica tudo
como está. A julgar pelo que pretenderam os deputados, melhor assim.
O objetivo era nobre: criar a possibilidade de trabalhadores autônomos, na informalidade ou não, contribuírem para o INSS pagando menos do que o sistema exige.
O menor pagamento ao INSS é de
R$ 48 -20% sobre o salário mínimo.
Se contribuir com esse valor por 35
anos (homem) ou 30 anos (mulher),
aposenta-se com R$ 240.
Os deputados querem dar aos brasileiros de baixa renda a possibilidade de pagar apenas, digamos, 10% sobre o salário mínimo (R$ 24). Mesmo
assim, na hora em que parasse de trabalhar, esse trabalhador teria o direito a receber R$ 240.
Como o INSS não está propriamente equilibrado, essa benemerência é
uma bomba-relógio. Não que o país
não deva preocupar-se com políticas
de inclusão para a população mais
pobre. O problema é a forma de fazer
essa operação. Colocar a conta dentro do INSS talvez não seja a melhor
opção. Pelo menos, o ideal seria não
misturar as contas -de quem paga
20% sobre o salário com quem pagará só a metade.
Por sorte, tudo será feito por lei.
Ainda há tempo de alguns petistas
entenderem que dinheiro não nasce
em árvores no jardim do INSS
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