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Curto-circuito no Madeira
COM A LICENÇA de instalação
emitida pelo Ibama, o governo deu aval para o início
das obras da hidrelétrica de Santo Antônio. A construção da primeira usina leiloada no rio Madeira, em Rondônia, está a cargo
do consórcio Mesa, liderado por
Odebrecht e Furnas.
Ontem, no Palácio do Planalto,
outro grupo, o Enersus -da franco-belga Suez e da Camargo Corrêa, entre outras-, assinou contrato para construir e operar a
segunda hidrelétrica daquele rio,
a de Jirau. Prevê-se que as duas
usinas, ao custo de R$ 18 bilhões,
adicionem 6.450 MW, pouco
menos de metade de Itaipu, à capacidade de geração do país.
Os dois anúncios, infelizmente, não afastam o risco de atrasos
significativos nessas duas obras
cruciais. Teme-se uma espinhosa disputa judicial entre os consórcios. A Odebrecht contesta a
intenção da Enersus de mudar o
local de instalação da usina e outras especificações previstas no
edital de licitação. A Camargo
Corrêa, por seu turno, afirma
que a alteração é legal e ameaça
entrar na Justiça contra a concorrente caso seja acionada.
Como é comum em processos
licitatórios complexos, o edital
dará munição jurídica aos dois
lados da disputa no caso de haver
real disposição para tanto. Dado
o interesse público de evitar
atrasos -por conta do risco de
faltar energia nos próximos
anos-, é natural e desejável que
o governo aja para desestimular
o conflito judicial. Mas há alguns
limites e requisitos que precisam
ser respeitados nessa iniciativa.
O poder público não pode ceder a chantagens para diminuir
custos do negócio, por exemplo
facilitando ainda mais o financiamento via BNDES. Os consórcios se comprometeram, no leilão, com uma determinada tarifa
para a venda da energia e devem
arcar com os riscos financeiros
associados às suas escolhas.
Além disso, todas as conversações precisam ocorrer com a máxima transparência, o que não
tem sido a regra no governo Lula.
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