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Desânimo na sala de aula
UMA LEGIÃO de 1,7 milhão
de jovens brasileiros entre 15 e 17 anos está fora
da escola. Abandonaram as aulas
por falta de vontade de estudar.
Análise do Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostra que 40%
dos jovens fora da escola a deixaram por desinteresse. A busca de
emprego vem em segundo lugar
(17%). Por mais que se matizem
os dados -não se pode excluir,
por exemplo, uma soma de dois
ou mais fatores para explicar a
evasão-, o diagnóstico de que a
escola "é chata" é indisputável.
Despontam aqui duas ordens
de problemas. Há aqueles mais
marcadamente acadêmicos, como a repetência e a sensação de
não aprender nada "útil", e outros com maior interface social,
mas que também resultam em
evasão, a exemplo de desemprego na família, gravidez na adolescência. É preciso atacá-los todos.
Só que mudanças de envergadura exigirão medidas no campo
acadêmico, as quais políticos relutam em adotar. Um sistema
bem feito de progressão continuada ajudaria a baixar os índices de repetência. Remunerar de
forma diferenciada docentes e
diretores cujos alunos se saiam
melhor seria uma fonte de estímulo à excelência no sistema.
Também os "curricula" cobram há tempos uma ampla revisão. Tenta-se ensinar coisas demais aos jovens, perde-se o foco,
e o resultado é fracasso. Pelo menos nos anos iniciais, é preciso
concentrar-se nas ferramentas
básicas -português e matemática-, que mais tarde permitirão
ao estudante assenhorear-se das
demais ciências.
O fato, incontestável, é que a
educação vai mal, e algo precisa
ser feito. Um sistema que deixa
escapar entre os dedos 16% dos
alunos mais velhos precisa de reparos urgentes.
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