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ELIANE CANTANHÊDE
Os tucanos (e Lula) voam por aí
BRASÍLIA - O PSDB apóia o PT
para a presidência da Câmara, depois de tudo -depois de todos esses
anos, de todas essas eleições, de todas essas confusões-, mas o único
pio em favor da decisão, se é que tucano pia, veio de Jutahy Magalhães
Jr., a dias de deixar a liderança.
Do outro lado, contrário ao apoio
ao PT, falaram FHC e Alckmin. Pelo
óbvio: a decisão carece de lógica e,
pela gravidade, deveria ser de partido, não de bancada, respeitando a
sensibilidade (à flor da pele) do eleitorado tucano.
E onde estão Tasso Jereissati,
Serra e Aécio, que não respondem?
Bateram asas e voaram? Tasso, em
cima do muro, limita-se a convocar
uma reunião. Serra e Aécio calam.
Como Lula, que tirou férias, lavou as mãos e conta com dois fatores decisivos a seu favor: a velha sorte e a inacreditável desarticulação da oposição. Justiça se faça, aliás, ao PFL: fale-se o que quiser do
partido, mas os movimentos pefelistas têm estratégia, rumo, coerência. Uma coerência oposicionista.
Líderes são líderes. Ou não. O
empresário Tasso passa a impressão de estar cansado de brincar de
política. Serra e Aécio fingem que
têm mais o que fazer. Um mergulhando nas crises de segurança e de
crateras de São Paulo, e o outro esquiando na neve -algo bem mais
agradável, convenhamos, do que
cuidar da lama (literal) que escorre
dramaticamente por Minas Gerais.
Mas ambos têm ambições, têm
bancadas no Congresso, têm imensa influência no Parlamento. Só
acredita quem quer que não tiveram nada a ver com o apoio ao PT.
Fala-se muito na reforma política, mas Serra tem razão: a reforma
partidária é igualmente fundamental. O PT não é mais o PT, o PMDB é
um saco de gatos, o PSDB virou um
PMDB, o PFL levou uma surra das
urnas e o resto... é o resto, com uma
ressalva daqui, outra dali.
O problema da política tupiniquim não está no baixo clero. Está,
cada vez mais, no alto clero.
elianec@uol.com.br
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