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ROGÉRIO GENTILE
Fábrica de bacharéis
SÃO PAULO - Os dados do último
censo universitário, recentemente
divulgados, mostram que Fernando
Henrique e Lula são cúmplices em
um erro estratégico brutal: o país
despeja todo ano no mercado toneladas e mais toneladas de profissionais para setores saturados, mas
praticamente ignora as áreas carentes de mão-de-obra qualificada.
O direito é um caso exemplar. No
primeiro ano do governo FHC, o
Brasil tinha 235 cursos. No último,
eram 599. Com Lula e o PT, o número de escolas pulou para 971!
Por conseguinte, há atualmente
mais estudantes matriculados em
faculdades de direito país afora do
que o total de advogados habilitados (589 mil estudantes contra 571
mil advogados).
Na contramão do ensino, a indústria reclama da falta de técnicos
qualificados, principalmente nas
áreas de pesquisa, produção e desenvolvimento. Afirma que o problema restringe a competitividade
e limita o crescimento.
Tal situação foi relatada por nada
menos que 56% das empresas consultadas em sondagem realizada no
ano passado pela Confederação Nacional da Indústria (cerca de 1.700
foram ouvidas no estudo). Ou seja,
sobram empregos...
O ensino tecnológico, no entanto,
que deveria suprir a demanda, quase não existe. De acordo com o censo, há somente 288 mil alunos matriculados no ensino técnico de nível universitário. Na comparação,
portanto, há dois estudantes de direito no Brasil para cada um de curso tecnológico, considerando todas
as suas áreas de ensino.
O pior de tudo é que a fábrica brasileira de bacharéis (ou de "pedagogos", "administradores", "jornalistas"...) cresceu sem controle oficial,
por meio da abertura indiscriminada de cursos particulares horrorosos, nos quais os diplomas servem
apenas como prova evidente de estelionato. Com o que aprenderam,
os alunos não passam nem mesmo no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
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