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VALDO CRUZ
Gol contra
BRASÍLIA - O governo Lula, apesar de renegar, é uma grande continuidade dos anos FHC. Copiou e
aprofundou a política monetária,
tornou mais austera a fiscal e seguiu o velho sistema de convívio
com o Congresso: alimentar sua base aliada com cargos e grana de
emendas parlamentares.
Se teve mais sucesso nas duas primeiras ações, na terceira não demonstra igual "competência". Poderia ser até uma virtude, mas não é
o caso. Senão, vejamos.
Nesse início de ano, ao fazer um
balanço das pendências no balcão
de negócios do Palácio do Planalto,
o governo descobriu uma série de
promessas não cumpridas.
Há cargos já assegurados pelo
Planalto a aliados cerca de dez meses atrás. Até hoje o sujeito ainda
não foi nomeado, irritando seu padrinho político, que tem de explicar
ao amigo por que seu empreguinho
não sai. Na próxima eleição, pode
perder um belo cabo eleitoral.
Mais: nada menos do que R$ 6,4
bilhões de emendas de parlamentares, dinheiro destinado às bases
eleitorais de deputados e senadores, foram reservados para gastos
no ano passado.
A grana, contudo, não foi efetivamente liberada pelo Tesouro Nacional. O congressista fica na seguinte situação. Chega a fazer festa
por conta do dinheiro prometido,
mas que nunca chega à sua cidade.
Se não chegar, será cobrado pelos
eleitores. Menos votos.
Tanta incompetência não vem só
da burrice burocrática. É fruto ainda da guerra política dentro do governo. O PT resiste a ceder espaço
ao PMDB. Ministros não seguem
ordens do Planalto para soltar
aquela verbinha para um aliado,
porque preferem privilegiar seu
amigo. No final, ninguém crê muito
nas promessas de Lula.
Essa não é uma forma recomendável de governar. Pelo contrário, é
péssima. Mas é a que impera hoje.
Que tal o presidente dar uma forcinha a seus articuladores políticos
nessa ingrata e doce tarefa? Ele só
tem a ganhar. Ou a perder, com tanto gol contra de sua turma.
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