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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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MARCELO BERABA

Fome zero

RIO DE JANEIRO - Concebida para ser a principal marca da primeira fase do governo Lula, o programa Fome Zero transformou-se numa grande e inimaginável dor de cabeça para os seus responsáveis. As divergências iniciais quanto ao funcionamento do programa e as disputas pelo seu controle provocaram um desgaste que poderia ter sido evitado.
A continuação das críticas vindas de personalidades e de entidades que conhecem bem o assunto da fome e da desnutrição já provocam uma inquietude. E a principal figura do programa, José Graziano, que já vinha sendo questionada pelas divergências apontadas, desgastou-se ainda mais, talvez de forma irreversível, ao justificar a importância do programa para as elites paulistas. Seu discurso, ao apelar para o medo, renegou a essência da campanha eleitoral do PT.
Os problemas com o Fome Zero não terminaram. Pode-se dizer que mal começaram. O conselho criado para acompanhar o programa volta a se reunir dia 25, e é certo que novos questionamentos surgirão em relação à sua organização e, principalmente, aos seus objetivos.
Formado por vários especialistas envolvidos há anos em campanhas e programas alimentares, o conselho deverá reagir se não tiver voz e influência. Embora muitos dos que participam gravitem na órbita do PT, as entidades e movimentos que representam têm compromissos históricos com a autonomia e a independência. Se o conselho se sentir manipulado, certamente reagirá.
E o embate entre os que priorizam a emergência assistencialista e os que reivindicam do governo uma ação mais macro -que inclua no âmbito do conselho e do programa do governo outras frentes como a agricultura familiar, a reforma agrária e a nutrição materno-infantil- ainda mal começou.


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