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ELIANE CANTANHÊDE
Pobre Brasília
BRASÍLIA - Quando as gravações
de Arruda com a sacola de dinheiro
foram ao ar, Lula reagiu dizendo
que "imagens não falam por si".
Quando Arruda foi preso, Lula
disse a auxiliares que "não era bom
para o país nem para a política".
Com a opinião pública comemorando tanto o Carnaval quanto a
prisão do governador, Lula deu
uma das suas guinadas estonteantes e seguiu o rumo do Judiciário e
do próprio Supremo, declarando o
oposto: as imagens que antes não
falavam por si passaram a ser chocantes. "Fiquei chocado quando
apareceu aquele filme..."
Afinal, o que pretende Lula com
sua imensa popularidade?
A pergunta de 1,7 milhão de eleitores do DF, porém, é mais objetiva:
em quem votar para o governo em
outubro? Não sobra ninguém.
Em 20 anos de eleições, o DF teve
apenas três governadores: Roriz,
Cristovam e Arruda. Roriz teve três
mandatos (fora um por nomeação)
e depois renunciou ao Senado para
não ser cassado por corrupção.
Cristovam não se reelegeu. Arruda
já tinha renunciado ao Senado, agora é a desgraça final.
O DF, assim, coleciona dois troféus de corrupção: o primeiro governador preso e o primeiro senador da República -Luiz Estêvão-
cassado depois da ditadura.
Só nos faltava o vice-governador
Paulo Octávio. Não falta mais. Ele
faz malabarismos para se equilibrar
como substituto de Arruda, mas,
com tantas citações na operação
Caixa de Pandora, o tombo é certo.
Ninguém quer a intervenção, mas
ela parece provável.
E em outubro? Cristovam não superou a derrota na reeleição e não
vai se candidatar. O PT se contorce
com Agnelo Queiroz, que viu os filmes de Arruda com a dinheirama e
fingiu que não. As alternativas à esquerda não convencem.
Daí o terror: sem ter em quem votar, vem aí Roriz de novo? Ele é o
suposto chefão da "organização criminosa" que tomou de assalto a capital. Ou seja: a origem de tudo.
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