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CLÓVIS ROSSI
Os inocentes
SÃO PAULO - A educação no Brasil é o desastre conhecido por todos
e retratado escandalosamente em
cada pesquisa, prova, avaliação,
qualquer coisa que sirva como medição. A educação em São Paulo, há
12 anos, dois meses e 13 dias comandado pelo tucanato, que se considera o máximo em matéria de gestão, é um desastre talvez maior ainda pela riqueza do Estado.
Sorte dos paulistas que agora já
sabem quem é o culpado. Ninguém.
Ah, talvez os pais.
É a conclusão que se impõe ao ler
a entrevista que o ex-secretário de
Educação, Gabriel Chalita, deu ontem à Folha a propósito do naufrágio das escolas paulistas (todas), revelado também por este jornal a
partir dos exames de avaliação.
"Não há um culpado para esse
problema", decreta Chalita.
No único momento em que esboçou algo mais que a fuga à responsabilidade, o ex-secretário culpou
os pais, por "essa falta de envolvimento das famílias".
Falta de envolvimento é até um
fato real -e lamentável-, mas a ele
sobrepõe-se um fato muito mais relevante e muito mais lamentável
que é a responsabilidade do Estado
por oferecer educação de qualidade, no que vem fracassando rotundamente há anos.
O que ficou do tal "choque de gestão", o bordão preferido de Geraldo
Alckmin na campanha pela Presidência? Bom, se não houve boa gestão, o tucanato pelo menos oferece
choque. Choque de dedos apontados uns para os outros.
O ministro da Educação do período tucano, o hoje deputado federal Paulo Renato, culpa os secretários, que se culpam uns aos outros.
Pior: o desastre tende a se perpetuar, porque a atual secretária, Maria Lúcia Vasconcelos, se disse
"alarmada" e "triste" quando Laura
Capriglione desta Folha mostrou
os números.
Ou seja, ficou sabendo pelo jornal quão "alarmante" é o cenário no
setor que comanda.
crossi@uol.com.br
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