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Editoriais
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Alento no comércio
OS LEVANTAMENTOS a respeito da atividade econômica no Brasil vinham
suscitando, nas últimas semanas, susto atrás de susto. O alarme culminou com as constatações de que a produção industrial, em janeiro, melhorou muito pouco sobre o nível desastroso
de dezembro, e de que no trimestre final do ano passado o PIB
caiu bem mais do que se imaginava. Foi, portanto, alentadora a
recuperação das vendas do comércio varejista em janeiro, apurada pelo IBGE.
Depois de três meses de queda,
de dezembro para janeiro o volume de vendas aumentou 1,4% (já
descontadas as oscilações típicas
de cada mês do ano). Com isso, as
vendas voltaram ao nível de outubro -mas ainda foram 1% menores que as de setembro. Também alentador foi o fato de que a
recuperação foi quase generalizada: em seis dos oito tipos de estabelecimentos varejistas pesquisados as vendas foram maiores que em dezembro.
A surpresa, desta vez, foi positiva: o resultado do varejo revelou-se bem melhor do que os especialistas antecipavam. Sabe-se
que o crédito aos consumidores
já teve alguma recuperação no
começo do ano, o que certamente ajudou as vendas de janeiro,
mas o crédito às empresas continua escasso e muito caro. São necessárias mais iniciativas para
destravá-lo -antes que a falta de
empréstimos para girar os negócios leve as empresas a nova rodada de demissões, o que voltaria
a fragilizar o consumo.
O consumidor brasileiro não
está atolado em dívidas como o
dos Estados Unidos: aqui o endividamento das famílias corresponde a 15,5% do PIB; lá, a 97%.
Um colapso do consumo, aqui, é
claramente evitável -desde que
as autoridades ajam com a rapidez e a energia requeridas para
estancar a perigosa espiral de
pessimismo a respeito das perspectivas para a economia.
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