BRASÍLIA - A TPC, a chamada Tensão Pré-Copom, está de volta. Com tanta força que obrigou o presidente Lula a convocar recentemente sua equipe para ordenar o fim da troca de farpas em público entre seus auxiliares -Guido Mantega e Henrique Meirelles.
Não é a primeira vez que Lula faz esse tipo de cobrança. Repetiu a dose numa reunião reservada no Palácio do Planalto há uns dez dias.
Apesar de se alinhar com os argumentos de Mantega, o alvo das críticas do presidente era seu ministro da Fazenda. Lula concorda com Meirelles que ficar cobrando publicamente do BC uma queda dos juros só atrapalha e força o órgão a ser mais conservador.
O petista, contudo, fecha com Mantega na análise de que o melhor seria o Copom aguardar sua próxima reunião para subir os juros. Mas sente que isso não acontecerá.
O fato é que o Banco Central nunca esteve tão isolado no governo como agora. São todos contra um diante de um duplo receio: a alta dos juros brecar o crescimento e valorizar ainda mais o real, pondo em risco a médio prazo a robustez das contas externas.
O temor é tanto que dentro do Planalto já estão recordando frases do ex-ministro Mario Henrique Simonsen. Ele dizia que inflação aleija, mas câmbio mata. Traduzindo, há no governo quem prefira inflação um pouco acima da meta para evitar juros mais altos.
Só que aí Lula parece fechar mais com Meirelles. Sempre deixou claro ao presidente do BC que ele contaria com seu apoio caso a inflação estivesse em alta. Recentemente, voltou a hipotecar esse apoio.
Bem, na quarta-feira saberemos se o BC cumprirá suas ameaças de subir os juros, hoje em 11,25% ao ano. Sendo esse o caminho, vai esquentar ainda mais o debate sobre o que fazer para evitar uma valorização ainda maior do real, a maior preocupação do governo.
Quem sabe não vem uma surpresa aí, e o Copom decide apenas adotar viés de alta. Não custa sonhar.


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