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FERNANDO RODRIGUES
Erros e explicações
BRASÍLIA - Há em política uma
regra de ouro: tudo o que precisa ser
explicado não é bom. Dilma Rousseff tem se explicado muito.
Nenhuma das derrapadas verbais
da pré-candidata do PT tem ainda
um efeito mortal -como quando
em 2002 Ciro Gomes ofendeu um
eleitor e as mulheres em geral. São
apenas sinais da inexperiência de
Dilma quando se trata de ficar sob a
tensão de uma campanha.
O caso dos exilados políticos é de
todos o mais emblemático. No sábado, num discurso no qual remetia
os ouvintes para o seu passado, a
petista disse: "Eu não fujo quando a
situação fica difícil. Não tenho medo da luta (...) Nunca abandonei o
barco". Petistas na internet inundaram blogs e sites de relacionamento
interpretando a declaração de Dilma como um ataque velado a José
Serra (PSDB).
Durante a ditadura militar, Dilma foi para a luta armada, acabou
presa e torturada. Serra se exilou no
Chile. O esgoto tomou conta da
web. "Fujão" era o qualificativo menos vitriólico que hidrófobos virtuais atribuíam ao tucano.
Tudo ia bem até alguns levantarem o dedo dentro do PT. Muitos
aliados de Dilma hoje tiveram de
deixar o país durante a ditadura.
Era um caso de vida ou morte.
Depois de quase 48 horas do início da celeuma, a petista resolveu se
explicar. Desculpas? Nem pensar.
Fez uma pergunta e um ataque: "De
onde tiraram que fugir da luta é se
exilar? (...) Querer dizer que eu os
critiquei só pode ser má-fé".
Os primeiros a interpretarem a
fala de Dilma como um ataque a
Serra foram os blogs petistas e dilmistas. Basta saber ler e fazer buscas no Google para comprovar a origem dessa suposta "má-fé" agora
apontada pela candidata de Lula.
O mais provável é esse fato acabar sepultado. Tem relevância menor. Serve de exemplo sobre como
reagem certos políticos quando
tensionados. E, vale sempre repetir,
a campanha está só no começo.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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