São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2010

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FERNANDO RODRIGUES

Erros e explicações

BRASÍLIA - Há em política uma regra de ouro: tudo o que precisa ser explicado não é bom. Dilma Rousseff tem se explicado muito.
Nenhuma das derrapadas verbais da pré-candidata do PT tem ainda um efeito mortal -como quando em 2002 Ciro Gomes ofendeu um eleitor e as mulheres em geral. São apenas sinais da inexperiência de Dilma quando se trata de ficar sob a tensão de uma campanha.
O caso dos exilados políticos é de todos o mais emblemático. No sábado, num discurso no qual remetia os ouvintes para o seu passado, a petista disse: "Eu não fujo quando a situação fica difícil. Não tenho medo da luta (...) Nunca abandonei o barco". Petistas na internet inundaram blogs e sites de relacionamento interpretando a declaração de Dilma como um ataque velado a José Serra (PSDB).
Durante a ditadura militar, Dilma foi para a luta armada, acabou presa e torturada. Serra se exilou no Chile. O esgoto tomou conta da web. "Fujão" era o qualificativo menos vitriólico que hidrófobos virtuais atribuíam ao tucano. Tudo ia bem até alguns levantarem o dedo dentro do PT. Muitos aliados de Dilma hoje tiveram de deixar o país durante a ditadura.
Era um caso de vida ou morte.
Depois de quase 48 horas do início da celeuma, a petista resolveu se explicar. Desculpas? Nem pensar.
Fez uma pergunta e um ataque: "De onde tiraram que fugir da luta é se exilar? (...) Querer dizer que eu os critiquei só pode ser má-fé".
Os primeiros a interpretarem a fala de Dilma como um ataque a Serra foram os blogs petistas e dilmistas. Basta saber ler e fazer buscas no Google para comprovar a origem dessa suposta "má-fé" agora apontada pela candidata de Lula.
O mais provável é esse fato acabar sepultado. Tem relevância menor. Serve de exemplo sobre como reagem certos políticos quando tensionados. E, vale sempre repetir, a campanha está só no começo.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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