|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Coração partido e alma vendida
BRASÍLIA - O deputado federal Lindberg Farias (PT-RJ) elegeu-se no ano
passado com 83.468 votos. Foi o 24º
colocado na disputa.
Em 1998, ainda filiado ao trotskista
PSTU, teve 73.791 votos, ficou na 22ª
posição no Rio, mas não conseguiu
uma vaga na Câmara.
Se já estivesse no PT em 1998, os votos de Lindberg teriam sido suficientes para elegê-lo deputado pelo Rio.
Na época, sua minúscula legenda
não teve músculo suficiente para enviá-lo a Brasília (pois não foi atingido o quociente eleitoral).
Radical ao chegar a Brasília neste
ano, Lindberg estava ameaçado de
expulsão do PT. Não queria votar a
favor da cobrança de servidores aposentados. Sua opção seria manter-se
fiel a suas convicções ideológicas, ficar sem sigla e mofar novamente no
PSTU, onde possivelmente nunca
mais se elegeria a nada.
Lindberg analisou melhor. Aceitou
a proposta da direção petista. Vai se
posicionar contra a cobrança dos
inativos, mas votará com a maioria.
Em resumo, capitulou.
É difícil perscrutar as razões exatas
para tantos (sic) radicais do PT noticiados pela mídia estarem reduzidos
a apenas três: a senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados Babá (PA) e
Luciana Genro (RS).
Todos os demais aceitaram a proposta da direção petista, nos moldes
de Lindberg. São contra tributar inativos, mas, se a maioria decidir a favor, vão no embalo e tudo bem.
Com essa razia em sua base congressual, o PT emite um sinal forte
para todos os seus aliados: não será
tolerada nenhuma dissidência.
Partidos menos ideológicos terão de
suar a camisa para apresentar 100%
dos votos quando for a hora.
É claro que haverá quem prefira fazer como Heloísa Helena. "Melhor o
coração partido do que a alma vendida", diz ela. Mas esses são minoria.
Lula, que já afirmou haver 300 picaretas no Congresso, sabe disso.
Texto Anterior: Buenos Aires - Clóvis Rossi: Fase 2 começa já Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: O dia do perdão Índice
|