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DE OLHO NO ÁLCOOL
Diante da alta persistente do
preço do petróleo, o governo
americano busca alternativas para
reduzir o preço médio do galão (3,8
litros) de gasolina, atualmente em
US$ 3,50 (cerca de R$ 7,20). O volume de produção de etanol a partir do
milho nos EUA é quase igual ao do
Brasil (cerca de 16 milhões de litros).
No entanto a produção doméstica
corresponde a pouco mais de 10%
dos 140 milhões de galões de gasolina consumidos. O país amplia a produção anual de etanol em 25%, com
grandes subsídios governamentais a
agricultores e usineiros -projeta-se
um consumo da ordem de 28 milhões de litros para o ano de 2012.
Diante disso, o presidente George
W. Bush iniciou negociações no
Congresso para reduzir a tarifa de
importação de US$ 0,55 por galão de
álcool. A proposta deve enfrentar
muita resistência, sobretudo no Comitê de Finanças do Senado, cujo
presidente representa os fazendeiros
do Meio-Oeste, produtores de etanol
de milho. Para a bancada ruralista republicana, os EUA estariam recuando em seus esforços para alcançar a
independência energética.
A decisão poderia ampliar significativamente o volume importado do
Brasil, cuja produção é uma das mais
competitivas do mundo. De acordo
com o Ministério da Agricultura, o
custo de produção do litro de etanol
de milho alcança US$ 0,30 nos EUA.
Já o litro do álcool brasileiro, da cana-de-açúcar, sai a US$ 0,20.
A produção brasileira demonstra
relativo dinamismo com a expansão
dos carros bicombustíveis. A estimativa para 2010 indica aumento da
produção de 180 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Para processar essa oferta crescente de matéria-prima, há estudos de viabilidade para
mais de 80 novas usinas, bem como
para a ampliação da capacidade instalada das usinas existentes.
Uma redução das barreiras de importação do etanol nos EUA poderia
duplicar o volume exportado pelo
Brasil até 2010. Em curto prazo, a
chance de a medida ser aprovada no
Congresso americano é pequena
-em novembro, o país renova parte
dos legisladores. Mas, ainda assim,
governo e produtores brasileiros devem permanecer atentos ao processo. É importante objetivar um acesso
duradouro ao mercado americano.
Não se deve esquecer também a necessidade de desenvolver meios mais
eficazes, no Brasil, de regular estoques e manter os investimentos no
setor sucroalcooleiro a fim de consolidar a produção doméstica e evitar a
volatilidade dos preços, como ocorreu no início deste ano. O aumento
das exportações, sem estoques reguladores, pode ampliar essa vulnerabilidade na oferta de etanol.
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